Uma onça parda (Puma Concolor), conhecida também como suçuarana, foi resgatada na manhã desta terça-feira, 29/4, após ser atropelada na BR-153, a cerca de 20 quilômetros da zona urbana de São José do Rio Preto, sentido Ruilândia.
O próprio condutor da caminhonete que atropelou o animal foi quem acionou o socorro. Foram chamados Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros, além da equipe do Zoobotânico, que prestou os primeiros atendimentos ainda às margens da rodovia. O animal — um macho com cerca de 50 quilos — foi levado com ferimentos graves.
No Zoobotânico de São José do Rio Preto, a suçuarana recebeu sedação e as primeiras medicações. Como era preciso exames de imagens de grande porte, a onça foi transferida para o Hospital Veterinário da Unirp, onde foi confirmado um quadro clínico que inclui fratura na escápula esquerda, luxação na articulação escápulo-umeral esquerda e fratura na pelve direita. Após a emissão dos laudos médicos veterinários complementares, serão definidas as demais condutas técnicas e terapêuticas.
A gestora administrativa do Zoobotânico de Rio Preto, Camila Sparvoli, informa que somente este ano, 290 animais resgatados foram encaminhados para o local, vítimas de atropelamentos, tráfico, entre outras situações. “Somos referência para cerca de cem cidades da região.” As três onças-pardas que integram o plantel da instituição chegaram desse modo. Em 2024, o Zoobotânico recebeu 915 animais silvestres e, no ano anterior, 1.031. “E nos dois últimos anos, estávamos em processo de reforma, reestruturação e revitalização, então, os recintos estavam sendo usados com os nossos animais”, diz Camila.
O secretário do Meio Ambiente e Urbanismo reforça que o papel do Zoobotânico vai muito além da exposição e da educação ambiental. “Ele exerce uma função fundamental na conservação da fauna brasileira. Com estrutura adequada e profissionais capacitados, oferecemos atendimento veterinário emergencial e suporte completo à recuperação dos animais. Além disso, o município arca com os custos das cirurgias, medicamentos, acompanhamento clínico e manutenção dos animais durante o período de reabilitação. Contamos ainda com o apoio de universidades parceiras, que também colaboram com profissionais, insumos e equipamentos.”
Ao se deparar com um animal silvestre na rodovia, seja de grande, médio ou pequeno porte, é preciso acionar a concessionária ou a Polícia Rodoviária Estadual ou Federal, dependendo da via. Além de ter os equipamentos adequados para captura e análise das condições do animal, esses órgãos seguem protocolos de encaminhamento ou, caso o animal esteja saudável, a reinserção à natureza.
A onça-parda é um felino nativo do continente americano que pode ser encontrado em diversos biomas brasileiros, incluindo São José do Rio Preto. Ela é o segundo maior felino das Américas, sendo o principal predador e com a maior distribuição geográfica do continente. Pode atingir um comprimento total de 1,5 a 2,75 metros e um peso de 22 a 70 quilos. Os machos tendem a ser maiores e mais pesados que as fêmeas.
A equipe médica veterinária do Zoobotânico segue acompanhando o caso de forma criteriosa, priorizando a estabilidade clínica e o bem-estar do animal.
O Zoobotânico Municipal de São José do Rio Preto, antigo Bosque/Zoológico, é um complexo que possui mata nativa e abriga aproximadamente 300 animais, divididos entre mais de 70 espécies.
Está situado em uma área urbana de 14 hectares com remanescente de vegetação da Mata Atlântica e Cerrado. A partir da reforma, o Zoológico passou a ser denominado oficialmente Zoobotânico, por focar o seu trabalho na conservação de fauna e também de flora regional nativas.
A instituição é um centro de referência para toda a região, atendendo mais de 100 municípios, na salvaguarda de animais silvestres vítimas do tráfico, atropelamentos, queimadas, além de acolhimento de filhotes órfãos. Aqueles que se recuperam são devolvidos para a natureza, os que têm sequelas ou, por outros motivos não podem voltar ao habitat natural, são encaminhados para outras instituições de acolhimento ou passam a fazer parte do plantel. O trabalho de conservação é desenvolvido em parceria com a Polícia Ambiental, Ibama, Icmbio, Azab e universidades.
Colaborou:Venusca Borghi
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