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Empreendedora cearense começou com estoque no banheiro e hoje vende 5 mil pares de sandálias por mês.

Empreendedora cearense começou com estoque no banheiro e hoje vende 5 mil pares de sandálias por mês.

29/04/2025 às 13h41
Por: Redação Fonte: Diario do Nordeste
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Legenda: Empresa hoje emprega 10 funcionários e Mara Rabelo tem planos de abrir outra loja, com foco no varejo Foto: Kid Junior
Legenda: Empresa hoje emprega 10 funcionários e Mara Rabelo tem planos de abrir outra loja, com foco no varejo Foto: Kid Junior

Empreendedora cearense começou com estoque no banheiro e hoje vende 5 mil pares de sandálias por mês.

 

Mara Rabelo lembra dos desafios de começar um negócio na própria casa e em um ramo que ameaçava não ir bem durante o lockdown, mas surpreendeu.

Ter o próprio negócio exigiu da empresária Mara Rabelo muitas competências, dentre elas uma boa habilidade com quebra-cabeças ou Tetris (jogo eletrônico para encaixar peças). A boa comunicação e força de vontade ela já tinha, com uma pitada de necessidade, já que a decisão de empreender veio após uma demissão inesperada quando a empreendedora tinha há poucos meses ganhado sua primeira filha.

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A habilidade de otimizar espaços não era totalmente alheia à vivência de Mara antes do empreendedorismo. Ela já tinha trabalhado em uma loja de calçados e foi dessa experiência que soube extrair muito.

Só não tinha ainda precisado usar ao máximo um espaço tão pequeno para guardar mercadorias. “Eu morava em uma casa de 47 metros quadrados. Não tinha onde guardar mercadoria, então usei o banheiro social. Interditei pia, vaso, a gente já quase não usava mesmo”.

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O banheiro é parte da história que começou com a perda de um emprego e a decisão de empreender em fevereiro de 2020. Na época, a pandemia já era uma realidade no mundo e, no Brasil, começava a dar seus primeiros sinais de chegada, mas ainda não se tinha muita ideia do que estava por vir. No mês seguinte, o governo estadual anunciaria o primeiro lockdown.

 

Legenda: Mara começou a empreender em 2020, após ser desligada de uma loja de calçados
Foto: Kid Junior
 
 
 
 
 
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Mara, que havia atuado por 10 anos em uma loja de calçados, estava sem trabalho com uma filha de menos de um ano antes mesmo de a pandemia chegar ao Ceará. “Eu pensei: ‘minha filha vai morrer de fome? O que eu vou fazer agora?’ Fiquei desesperada”.

Nem havia passado pela sua cabeça ter o próprio negócio. Até que, ao se despedir dos clientes que ela atendia, um deles disse que “era hora de Mara trabalhar para si mesma”. Esse cliente, dono de uma fábrica de sandálias rasteiras, falou para Mara pensar na ideia. E escolher um nome para a nova marca.

Estoque com 150 pares

Mas tinha um problema: Mara estava não apenas desempregada, mas também sem economias, pois havia gastado boa parte com as despesas que vieram com a gestação e a maternidade. O cliente e amigo, sabendo da situação, forneceu a ela 150 pares e acreditou na habilidade de Mara. “Minha primeira mercadoria chegou dia 6 de março de 2020. Poucos dias depois, veio a pandemia e fechou tudo”.

Mesmo com medo e a pandemia, Mara vendeu todos os pares. No isolamento, o consumo surpreendeu. E Mara, que recebia a mercadoria dos fornecedores e guardava em casa, precisou, como ela lembra aos risos, usar o banheiro e outros cômodos da casa como estoque. “Aquele ali era o espaço que a gente tinha. Conseguimos encaixar ali no banheiro 150 pares”.

 

Legenda: No início, empreendedora cearense usou o banheiro da própria casa como estoque
Foto: Arquivo pessoal

 

As vendas cresciam e o banheiro já não era o suficiente para guardar tanto calçado. Mara e o esposo se mudaram para o quarto da filha, em nome do sonho de ver a marca Samarella, nome que nasceu da junção “sandália” e “amarela”, crescer.

Assim, usaram o quarto do casal também como estoque. “Depois do banheiro, o quarto, depois do quarto, a sala ficou tomada de mercadoria”.

Lucro reinvestido

Com o lucro das vendas, Mara construiu um pequeno compartimento para ser o estoque, ainda na própria casa. Em 2022, quando as atividades começaram a reabrir, decidiu que era hora da “sandália amarella” dar mais um grande passo: ir para uma loja física em um momento em que muitos fechavam as portas para se dedicar exclusivamente às vendas virtuais.

“A gente começou em um local pequeno”, diz. A loja agora ocupa um espaço bem maior, no shopping Maraponga Mart Moda, no bairro Maraponga. Foi durante o Festival da Moda de Fortaleza (FMF), na semana passada, que ela conversou com a Coluna.

 

Legenda: Com o que ganhou nas vendas e com o negócio crescendo, Mara reinvestiu e construiu um pequeno estoque, ainda em casa
Foto: Arquivo pessoal

 

Hoje, a empreendedora chega a vender cinco mil pares por mês para vários estados do Brasil. “Piauí é o nosso principal consumidor, depois do Ceará”. O foco da empresa é atacado, que responde por 90% do faturamento. Os outros 10% correspondem às vendas no varejo. Os números de faturamento ela prefere não divulgar. O amigo que forneceu a sua primeira mercadoria, de 150 pares, continua sendo fornecedor de Mara.

Como todo empreendedor que gosta do que faz, Mara quer ir além. Vislumbra abrir uma nova loja, mas ainda não decidiu a localização do novo estabelecimento, que deve ser mais focado no varejo.

O lucro não apenas permitiu que ela investisse em melhorias na loja, mas também em qualificação. Quando não sobrava, procurava cursos gratuitos.

Agora com mais maturidade e conhecimento, Mara deve contar, para seguir expandindo, com a coragem da mulher que poucos recursos resolveu encarar o desafio. “Tem que confiar. Confiar que vai dar certo. E não desistir”, enfatiza.

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