As formigas modernas são um dos grupos de insetos mais abundantes, presentes em todos os continentes, exceto na Antártica. A descoberta da Vulcanidris cratensis oferece uma visão sobre os ancestrais dessas espécies. Esta formiga pertence à subfamília Haidomyrmecinae, conhecida como formigas-do-inferno, que existiram exclusivamente durante o período Cretáceo, entre 65 e 145 milhões de anos atrás.
A nova espécie é cerca de 13 milhões de anos mais antiga que as formigas previamente conhecidas, cujos fósseis foram encontrados em âmbar na França e no Mianmar. A pesquisa revelou semelhanças entre a Vulcanidris cratensis e as formigas-do-inferno do Mianmar, indicando uma ampla distribuição dessas formigas há milhões de anos.

Quais são as características da Vulcanidris cratensis?
Os pesquisadores identificaram que o fóssil encontrado no Crato era de uma fêmea, medindo aproximadamente 1,35 centímetros. Uma característica marcante das formigas-do-inferno, como a Vulcanidris cratensis, são suas mandíbulas em forma de foice, possivelmente usadas para capturar presas. O fóssil foi analisado por tomografia computadorizada, permitindo uma visão detalhada de sua anatomia.
Esta descoberta levanta questões sobre a adaptação das formigas no passado e as condições que levaram a sua evolução. A anatomia especializada da Vulcanidris cratensis sugere que esses insetos passaram por rápidas mudanças evolutivas em resposta ao ambiente.
Qual é a origem do nome Vulcanidris cratensis?
O nome da espécie, Vulcanidris cratensis, reflete duas homenagens ao Brasil. O gênero Vulcanidris homenageia a família de Maria Aparecida Vulcano, que doou uma coleção de fósseis ao Museu de Zoologia da USP. O epíteto cratensis refere-se à Formação Crato, local onde o fóssil foi encontrado.
Qual é a importância paleontológica da Bacia do Araripe?
A Bacia do Araripe é um local de grande riqueza paleontológica, com mais de 600 espécies de insetos já descobertas. Além disso, fósseis de plantas com flores, que dominam o ambiente terrestre atual, também são encontrados na região, muitas vezes com estruturas completas de raiz, caule e frutos.
A preservação excepcional dos fósseis na Formação Crato é atribuída a um antigo lago onde os organismos eram rapidamente soterrados, evitando a decomposição. A região abriga 11 geossítios que compõem o Geopark Araripe, reconhecido pela Unesco por seu valor científico, educacional e turístico.