Até então, esse tipo de animal só possuía registros de ocorrência na Bahia
Uma nova espécie de opilião, um tipo de aracnídeo, foi descoberta na Reserva Biológica da Mata Escura, localizada nos municípios de Jequitinhonha e Almenara, em Minas Gerais. Denominada Cajango ednardoi, a espécie apresenta características morfológicas distintas que a diferenciam de outras do mesmo gênero.
O registro, com sua descrição, foi publicado no dia 3 de janeiro em uma revista científica internacional. As características que distinguem a espécie de outras do mesmo gênero incluem variações na coloração do corpo e diferenças estruturais no fêmur e nos órgãos genitais masculinos.
A nova espécie foi registrada em altitudes entre 750 e 1.100 metros, enquanto as demais do gênero habitam áreas mais baixas, geralmente ubferuires a 600 metros. Isso sugere que o animal possa ser um gênero mais primitivo da espécie.
Outro ponto de distinção é a localização geográfica. O gênero era classificado pela World Wide Found for Nature (WWF) como endêmico de florestas no interior da Bahia, mas a descoberta amplia a distribuição geográfica dos Cajango, marcando sua primeira ocorrência em Minas Gerais.
O aracnídeo foi batizado de Cajango ednardoi em homenagem a Ednardo Martins, monitor da Reserva e responsável pela descoberta ao lado do brigadista Jorge Pereira. Eles encontraram o animal em abril de 2023, durante um monitoramento ambiental de rotina. Em seguida, compartilharam a foto em um aplicativo de ciência cidadã, o iNaturalist, que conecta cientistas ao público geral.
Ao ver a foto, o pesquisador e zoológico Adriano Kury, que trabalha com aracnídeos no Museu Nacional, quis entender mais sobre o animal. Após uma expedição, comprovou que se tratava de uma nova espécie, jamais registrada.
— Quando vi a foto fiquei animado, porque seria uma chance de conhecer melhor o gênero, e até então achei que poderia ser uma das espécies já conhecidas. Organizei uma expedição para a Mata Escura com a pesquisadora Alexia Granado no final de março de 2024. Encontramos Ednardo, que nos guiou a alguns vales úmidos, e lá achamos alguns machos e fêmeas. Chegando ao Rio, estudamos os espécimes e descobrimos que se tratava de uma espécie nova de Cajango — explicou Kury, que trabalha na reconstrução da coleção de aracnídeos do Museu Nacional, destruída no incêndio de 2018.
A Reseva da Mata Escura tem gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e é uma das unidades que conta com ações da Vale, em parceria com o ICMBio, para recuperar 500 mil hectares de áreas, além de suas fronteiras até 2030. Além do monitoramento da fauna — atividade em que a espécie foi encontrada —, são promovidas iniciativas de ciência cidadã que reforçam a conexão entre a sociedade, pesquisadores e a preservação ambiental.
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