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Brasil perde mais que os EUA se retaliar tarifas de Trump, diz Lucas Ferraz, da FGV.

Brasil perde mais que os EUA se retaliar tarifas de Trump, diz Lucas Ferraz, da FGV.

11/02/2025 às 08h09
Por: Redação Fonte: infomoney
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O ex-secretário de Comércio Exterior Lucas Ferras (Foto: Reprodução do Instagram/@lucasferraz.economics)
O ex-secretário de Comércio Exterior Lucas Ferras (Foto: Reprodução do Instagram/@lucasferraz.economics)

Brasil perde mais que os EUA se retaliar tarifas de Trump, diz Lucas Ferraz, da FGV.

 

Coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV e ex-secretário do Comércio Exterior, Lucas Ferraz defende saída diplomática para a elevação de tarifas sobre aço e alumínio anunciadas por Donald Trump.

A imposição de tarifas sobre a importação de aço e alumínio anunciada na noite de segunda-feira (10) por Donald Trump tem potencial de impacto relevante sobre o setor no Brasil. Mas uma retaliação às medidas prometidas pelo presidente americano, no entanto, levariam o País a perder “muito mais que os Estados Unidos”, ainda mais diante de uma relação comercial mais complexa entre os dois países com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente do governo brasileiro

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A avaliação é de Lucas Ferra, coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV e ex-secretário do Comércio Exterior do Brasil, em entrevista ao InfoMoney.

Já no domingo (9), Trump antecipou que anunciaria uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os norte-americanos: 48% das vendas externas são direcionadas àquele mercado, o que representou uma receita de US$ 5,7 bilhões em 2024.

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Como reação, o governo Lula teria considerado antecipar a proposta de taxação de big techs americanas com operação no Brasil.

Para Ferraz, no entanto, a escalada de uma guerra comercial poderia prejudicar o Brasil em função da assimetria entre as economias americana e brasileira. “Neste momento, a melhor opção para o Brasil seria não reagir, não retaliar imediatamente — porque isso pode piorar ainda mais os custos para a economia brasileira — e sim abrir um canal de diálogo com a diplomacia americana”, diz.

Não é a primeira vez que Trump eleva as tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros: em seu primeiro mandato, o presidente republicano já havia estabelecido alíquotas para os produtos em 2018. As tarifas caíram para o aço e foram mantidas a 10% para o alumínio, com uma cota de importação definida. Trump ameaçou retomá-las em 2019, mas negociações sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro — aliado de Trump — reverteram as ameaças.

“Isso pode acontecer de novo agora? É claro que sim, mas tudo dependerá muito do canal, da qualidade da comunicação entre o Brasil e os Estados Unidos nesse momento” aponta Ferraz.

“Trump vem falando sobre impostos e tarifas desde que assumiu o seu segundo mandato, mas fica aquela dúvida de até que ponto ele vai adiante nas suas afirmações”, afirma. “Gera um pouco a impressão de que ele pode estar utilizando a menor dependência do comércio exterior americano, vis-à-vis dos outros países do mundo, essa assimetria, pra tentar conseguir extrair algum tipo de vantagem do resto do mundo.”

Hoje, a média tarifária de importações no Brasil é da ordem de 12%, contra um valor de 4% entre os países desenvolvidos que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta Ferraz. Em outras ocasiões, Trump já argumentou que esses impostos seriam muito elevados.

Ferraz pondera, no entanto, que as taxas comparativamente mais elevadas também são consequência de negociações promovidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em que países em desenvolvimento foram isentados. “Foi um processo que ocorreu com o consentimento das maiores economias do mundo, saiu de um equilíbrio de negociação.”

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