Com o objetivo de aprimorar a assistência prestada às crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV), a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Fundação Estadual da Saúde (Funesa) e da Escola de Saúde Pública de Sergipe (ESP-SE), em parceria com o Ministério da Saúde, promoveu uma oficina de fortalecimento da linha de cuidado voltada para estas crianças e suas famílias. O evento ocorreu entre os dias 21 e 22, e reuniu representantes das três esferas do Sistema Único de Saúde (SUS), profissionais da Atenção Primária, mães ativas na luta por direitos e técnicos especializados, com o propósito de debater avanços, escutar experiências e construir novas estratégias de cuidado integral e contínuo.
A iniciativa marca a retomada de uma política pública iniciada há cerca de dez anos, durante o surto do zika vírus no país, e reforça o compromisso do Governo de Sergipe com a garantia de qualidade de vida para as crianças afetadas pela síndrome, além do suporte fundamental às suas famílias. Durante a oficina, foi dado destaque à importância da APS como eixo estruturante do cuidado e à necessidade de assegurar uma abordagem mais humanizada e permanente para o acompanhamento dessas crianças, que, hoje, estão em fase de transição para a adolescência.
De acordo com o assessor técnico da Coordenação Geral de Atenção Primária à Saúde das Crianças, Adolescentes e Jovens do Ministério da Saúde, Eduardo Carvajal, a presença das mães na oficina foi fundamental para que as políticas públicas sejam efetivamente construídas a partir das vivências e realidades enfrentadas no dia a dia. “Estamos retomando esse projeto com foco em fortalecer a linha de cuidado das crianças com Síndrome Congênita do Zika e, agora, com uma atenção maior à saúde das mães. Elas precisam ser vistas e cuidadas também. O SUS é tripartite, envolve o Governo Federal, Estadual, Municipal e, essencialmente, a sociedade civil. Por isso, a escuta dessas mulheres é indispensável para garantirmos um cuidado integral e contínuo”, destaca.
Segundo a referência técnica da Saúde da Criança na Diretoria de Atenção Primária da SES, Larissa Primo, o evento também visa atualizar os fluxos de atendimento e reorganizar os serviços oferecidos no estado. “Entre 2014 e 2016, tivemos um crescimento significativo de crianças nascidas com microcefalia decorrente da infecção pelo zika. Desde então, o Estado estruturou uma rede de atenção, mas com a redução dos novos casos ao longo dos anos, houve uma diminuição na oferta desses atendimentos. Hoje, muitas dessas crianças têm em torno de 10 anos e continuam necessitando de acompanhamento especializado. Essa retomada é essencial para garantir a continuidade do cuidado que essas famílias precisam”, explica.
O diretor de Vigilância em Saúde da SES, Marco Aurélio Góes, ressalta que, desde o surgimento do surto, Sergipe se tornou referência em vigilância e monitoramento dos casos de SCZV. “Na época, lidamos com um cenário inédito. A partir da identificação do vírus, passamos a monitorar com mais rigor todos os nascimentos, observando dados como o perímetro cefálico e encaminhando para investigação em caso de anormalidades. Hoje, mesmo com a transmissão do vírus ocorrendo de forma esporádica, o cuidado permanece ativo”, afirma.
Para a representante das Mães Sergipanas e da União Nacional das Associações de Famílias Atingidas pela Síndrome Congênita do Zika Vírus (Unesica), Mônica Oliveira, a oficina representa um marco importante de escuta e construção conjunta. “Essa é a primeira vez, em dez anos, que somos chamadas a participar de forma efetiva. Não é possível construir políticas públicas eficientes sem ouvir quem vive a realidade. Nossos filhos cresceram, têm 10 anos, e ainda enfrentamos muitas dificuldades. Estar aqui é uma oportunidade de apontar falhas, sugerir melhorias e garantir um futuro mais digno para nossas crianças”, considera.
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