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Banco do Brasil afunda 12% após resultado ‘pior do que se temia’.

Banco do Brasil afunda 12% após resultado ‘pior do que se temia’.

16/05/2025 às 19h36
Por: Redação Fonte: Isto e Dinheiro
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Banco do Brasil afunda 12% após resultado ‘pior do que se temia’.

Banco do Brasil afunda 12% após resultado ‘pior do que se temia’.

 

As ações do Banco do Brasil abriram o pregão desta sexta-feira, 16, em baixa de quase 15%. A retração nos papéis vem após a companhia divulgar um resultado trimestral aquém do esperado, surpreendendo o mercado negativamente.

As ações do Banco do Brasil atenuaram a queda ao longo do pregão e fecharam em queda de 12,7% a R$ 25,67.

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O BB reportou lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no acumulado do primeiro trimestre de 2025, representando uma baixa de 20% ante igual etapa do ano anterior e ficando substancialmente abaixo do que o mercado esperava. O consenso Bloomberg mirava R$ 9,1 bilhões de lucro para o período, por exemplo.

“Pior do que se temia”, escreveram analistas do BTG Pactual em relatório sobre o balanço.

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O JP Morgan também se mostrou ‘preocupado’ com as linhas finais do resultado, considerando-o ‘muito fraco’. No relatório, a casa já antecipava uma reação muito negativa por parte do mercado, com uma queda relevante de BBAS3.

 

A visão do banco americano é de um impacto negativo da nova regra contábil e a deterioração do crédito, especialmente no agronegócio, o que tornou o resultado do Banco do Brasil decepcionante.

A margem financeira bruta do BB caiu 7,2% ano a ano no primeiro trimestre, a R$23,9 bilhões, com alta de 10,7% na despesa esperada e queda de 35,3% na recuperação de crédito.

 

Evandro Medeiros, analista CNPI da Suno Research, considera que o BB teve um trimestre desafiador e que a inadimplência rural segue em alta e ‘pressiona os resultados, exigindo maior cautela por parte da gestão’.

“A inadimplência total também cresceu e já se aproxima dos níveis do Bradesco, banco que vem enfrentando dificuldades nesse âmbito por conta de equívocos na concessão de crédito nos últimos anos. O índice de cobertura, que mensura o quanto das provisões já constituídas faz frente á inadimplência atingiu 184,8%, um patamar inadequado dado o contexto de pressão nas perdas”, comenta.

“Mesmo com crescimento na receita de juros, o crescimento do custo de captação acabou comprimindo a margem financeira, reduzindo a rentabilidade do crédito para o banco. Ainda assim, o BB segue beneficiado por uma estrutura de funding privilegiada: 72,5% da Selic no período, impulsionado pela forte participação da poupança, cerca de 25% do total, que remunerou no período o equivalente 60% da Selic”, completa.

Executivo do Banco do Brasil espera ‘controle na inadimplência’ no segundo semestre

O BB afirmou que o custo do crédito foi influenciado, principalmente, pela continuidade da dinâmica agravada da carteira de agronegócios, cuja inadimplência alcançou 3,04%, de 2,45% no quarto trimestre do ano passado e 1,19% um ano antes.

Em teleconferência com analistas nesta sexta, o vice-presidente de gestão financeira do Banco do Brasil, Geovanne Tobias, afirmou que dados de abril ainda demonstram uma resiliência da inadimplência do agro.

Ele afirmou, contudo, que o banco acredita que medidas de judicialização, protesto e cobrança, aliadas à geração de renda maior no campo por safra recorde, devem conseguir controlar a inadimplência no agro no segundo semestre.

A piora no resultado, porém, foi além do agro. Em pessoa física, o índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 5,10%, de 4,66% no final do ano passado e 4,77% um ano antes, enquanto na pessoa jurídica subiu a 4,06%, de 3,51% em dezembro e 3,19% um ano antes.

O Bradesco BBI cortou a recomendação das ações para neutra, atribuindo a decisão às mudanças contábeis e à revisão do guidance, acrescentando que “as preocupações com a qualidade dos ativos aumentaram, com deterioração de todos os segmentos”.

“De acordo com nossas novas estimativas, esperamos agora um ROE de 17% para 2025, o que, considerando o custo de capital próprio do banco de 17%, parece precificado de forma justa”, acrescentaram em relatório a clientes.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) caiu a 16,7%, de 20,8% no trimestre imediatamente anterior e 21,7% um ano antes.

O BTG manteve a recomendação de compra para os papéis do Banco do Brasil, citando o patamar de preço das ações, mas também destacou que a mudança nas regras contábeis sugere que o BB não tem um ROE recorrente/sustentável acima de 20%.

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