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Lobo pré-histórico volta à vida com edição genética

Lobo pré-histórico volta à vida com edição genética

08/04/2025 às 06h41
Por: Redação Fonte: Agência O Antagonista
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Lobo pré-histórico volta à vida com edição genética

Lobo pré-histórico volta à vida com edição genética.

 

Filhotes criados por empresa dos EUA são chamados de "lobos terríveis", mas não são a espécie extinta há 10 mil anos

Três filhotes de lobo com características do extinto lobo terrível foram apresentados pela empresa norte-americana Colossal Biosciences como os primeiros exemplares de uma espécie “revivida” por engenharia genética.

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Batizados de Romulus, Remus e Khaleesi, os animais nasceram entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, em instalações protegidas nos Estados Unidos. O feito foi divulgado pela revista Time em abril.

Com até 1,20 metro de comprimento e previsão de chegar a 70 kg na idade adulta, os lobos demonstram comportamento selvagem, evitando contato com humanos — inclusive com os tratadores que os acompanham desde o nascimento.

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A empresa utilizou engenharia genética para alterar 20 genes de lobos cinzentos comuns e assim aproximar sua morfologia da do lobo terrível, uma espécie extinta há mais de 10 mil anos e conhecida por sua robustez e pela associação com a megafauna da Era do Gelo.

Apesar do alarde, os animais criados não são lobos terríveis no sentido taxonômico.

Segundo reportagem publicada pela revista New Scientist, o lobo terrível (Aenocyon dirus) e o lobo cinzento (Canis lupus) se separaram evolutivamente há cerca de 6 milhões de anos. Isso faz com que cães selvagens africanos e chacais estejam mais próximos dos lobos modernos do que os próprios lobos terríveis.

A Colossal defende que suas criações se enquadram no conceito morfológico de espécie: se um animal se parece, se comporta e vocaliza como um lobo terrível, então pode ser assim classificado.

A base genética utilizada para o experimento veio de fragmentos de DNA extraídos de fósseis com até 72 mil anos encontrados em Ohio e Idaho. A manipulação foi feita a partir de células do sangue de lobos vivos e os embriões resultantes foram gestados por cães de grande porte.

A empresa afirma que os procedimentos não resultaram em abortos ou mortes neonatais. Os filhotes foram alimentados por mamadeira após poucos dias de amamentação com as mães de aluguel e vivem desde então em uma reserva ecológica de 2 mil acres, onde recebem cuidados veterinários 24 horas por dia.

Além dos lobos, a Colossal anunciou a clonagem de quatro exemplares do lobo-vermelho, espécie nativa do sudeste dos Estados Unidos que hoje conta com menos de 20 indivíduos na natureza. A empresa também trabalha para ressuscitar espécies como o mamute-lanoso e o tigre-da-Tasmânia.

Críticos da iniciativa alertam para os riscos associados à engenharia genética e à introdução de animais modificados no meio ambiente.

Especialistas apontam que a especialização dos lobos terríveis em caçar grandes presas, como mamutes e bisões gigantes, pode ter sido a causa de sua extinção original — e que sua recriação em um ecossistema moderno pode ser insustentável.

Os lobos recriados, segundo a empresa, nunca serão soltos na natureza. Permanecerão sob observação por toda a vida.

A Colossal afirma que o objetivo é aprender com o processo para aplicar a tecnologia em esforços de conservação de espécies ameaçadas. Ainda assim, admite que os animais criados não são cópias perfeitas, mas sim aproximações genéticas do que um dia já existiu.

Este é o mesmo tipo de lobo que inspirou os “direwolves” da série Game of Thrones, símbolo da Casa Stark e considerados extintos ao sul da Muralha antes de serem encontrados pelos filhos de Ned Stark no início da trama.

 

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