Aos 15 anos, Luiz Eduardo Ferreira da Silva tem dois sonhos: o primeiro é tocar violino e o segundo é tornar-se advogado e juiz. Com o auxílio do Centro de Atendimento Psicossocial Infantil (Capsi Centro), ambos estão se tornando realidade. Isso porque o jovem atendido no serviço começou as aulas de violino na semana passada e nesta segunda-feira, 28/4, teve um encontro com o juiz da Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarin.
“Eu quero ser juiz para ajudar as pessoas, as crianças. Quero ser alguém na vida e dar orgulho para a minha mãe", contou. Atualmente, o adolescente vive em uma Casa-lar, que abriga outros sete garotos, com idade entre 12 e 18 anos. No local, é assistido de perto pela psicóloga Daniela Pavão e pelo assistente social, Ulinton Renato, que o acompanharam no encontro.
O juiz Evandro Pelarin conversou com o jovem e o incentivou a perseguir seus sonhos. “Comece a estudar e tenha em mente que é preciso ter bons relacionamentos e respeitar as pessoas. Leia bastante. Tudo é possível quando a gente sonha e corre atrás", disse. O magistrado também enfatizou a importância dos serviços de saúde para a qualidade de vida dos pacientes. "As crianças e adolescentes que passam pelo Caps melhoram muito, por isso, continue com o seu acompanhamento”, aconselhou ao adolescente.
Luiz Eduardo está sendo atendido no serviço da Prefeitura desde outubro de 2024, participando do Projeto Terapêutico Singular (PTS) e de atividades em grupo, como as aulas de artesanato e dança, que são abertas aos jovens e gratuitas. Além disso, o adolescente também está se dedicando às aulas de música, aprendendo a tocar violino pelo Projeto Guri. "Era o sonho do meu avô, que faleceu faz pouco tempo, e agora é também o meu sonho", disse.
A gerente do Capsi Centro, Cristiane Amaral, disse que ficou tocada pelos sonhos do jovem e fez questão de organizar o encontro com o juiz. "O sonho de se tornar advogado e juiz é mais do que uma meta profissional, é também a expressão de um desejo de pertencimento, de justiça e de protagonismo. E o CAPSi, através do PTS, pode ser o espaço onde esse sonho começa a ganhar forma concreta, onde as barreiras vão sendo enfrentadas com cuidado, escuta e acolhimento".
A profissional reforça que o trabalho dos Caps não se resume apenas ao tratamento clínico, mas amplia-se como dispositivo de transformação social. “Apoiar esse jovem é reconhecer que seus sonhos são legítimos, que seu sofrimento não o define e que sua trajetória pode (e deve) incluir conquistas acadêmicas e profissionais. A habilitação ao futuro, nesse sentido, passa por garantir acesso, escuta ativa, criação de vínculos e o fortalecimento de sua autonomia".
Durante o encontro, os participantes lembraram casos de outros adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que, com apoio das equipes dos Caps, assistência social, e outros projetos sociais desenvolveram suas habilidades, estudaram, cursaram a graduação e hoje trabalham.
Ao final, o juiz prometeu entregar livros a Luiz Eduardo para ajudá-lo em sua caminhada rumo à graduação em Direito. “Depois, vamos marcar novos encontros para conversar sobre eles, assim como faço com os jovens que cumprem medida socioeducativa, continue sua jornada".
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