Em publicação no LinkedIn, Jerome Cadier, CEO da LATAM Brasil, detalhou os impactos operacionais e financeiros decorrentes dos frequentes incidentes de colisões com aves – os chamados “bird-strikes” – e criticou a falta de investimentos em manejo adequado da fauna por parte dos aeroportos e municípios.
A publicação foi feita após outro post sobre um bird-strike na data de ontem (20) no Aeroporto do Galeão, virar polêmica na rede social.
No post inicial, Cadier comentava sobre um caso envolvendo um Airbus A321ceo da companhia aérea brasileira, que colidiu com um pássaro durante a decolagem, causando um grande estrago no nariz da aeronave, forçando seu retorno ao aeroporto carioca e subsequente cancelamento do voo que tinha como destino Guarulhos.
O executivo deu ênfase na quantidade de processos judiciais que viriam de passageiros daquele voo, mesmo a colisão com pássaros ser um evento que foge ao controle da empresa. Nos comentários, diversos passageiros se posicionaram contra o CEO, iniciando uma grande polêmica.
O novo post
Em novo post, Cadier cita que em 2024 foram registrados 562 eventos de colisão com aves na companhia, o que equivale a cerca de 1,5 ocorrências por dia. Apesar de todas as aeronaves realizarem pousos em segurança, os incidentes impuseram desafios significativos: as aeronaves ficaram paradas por mais de 750 horas para a realização dos reparos necessários.
Essa paralisação, somada aos cancelamentos e atrasos, afetou diretamente mais de 30 mil passageiros, elevando os custos operacionais da companhia.
O executivo destacou que os custos decorrentes dos reparos nas aeronaves, bem como os prejuízos relacionados à inatividade dos aviões (incluindo leasing, tempo de trabalho da tripulação, e despesas com alimentação e acomodação conforme a resolução 400), acabam sendo incorporados ao preço das passagens. Assim, o impacto econômico dessas falhas operacionais recai, em última instância, sobre os passageiros.
Cadier argumentou que muitos desses incidentes são evitáveis e ressaltou que a responsabilidade pelo manejo da fauna cabe aos aeroportos e municípios. Segundo o CEO, a ausência de investimentos consistentes nessa área eleva os custos totais dos eventos, o que poderia ser mitigado com ações de prevenção e controle ambiental. “O custo, no final das contas, é repassado ao passageiro”, afirmou, enfatizando a necessidade de políticas públicas eficazes.
O CEO também abordou a questão das ações judiciais contra companhias aéreas. Ele defendeu que, assim como as condições climáticas adversas, o mau manejo da fauna não é de responsabilidade da companhia.
Por esse motivo, Cadier sustenta que a LATAM Brasil não deveria ser condenada a pagar danos morais decorrentes de atrasos ou cancelamentos provocados por esses incidentes. Ele apontou que, no cenário brasileiro, há uma disparidade preocupante: o país concentra mais de 98% das ações na justiça mundial, apesar de ter apenas 3% dos voos.
Nos EUA e Europa, ao contrário do Brasil, o atraso causado por problemas climáticos ou por fatores externos, como colisão por pássaros, não gera dano moral, sendo que os passageiros possam ter direito a apenas uma compensação financeira pré-fixada (no caso europeu apenas), além da reacomodação no próximo voo disponível.
Ao concluir seu desabafo, Jerome Cadier reconheceu que o tom empregado em sua postagem anterior poderia ter sido melhor calibrado. “Estamos todos aqui para aprender”, ressaltou, comprometendo-se a buscar sempre o diálogo e o respeito nas futuras interações.
O executivo afirmou que seu objetivo é esclarecer os fatos e estimular uma reflexão sobre a importância de investimentos adequados no manejo da fauna, visando reduzir os impactos operacionais e os custos repassados aos passageiros.
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