Aqueles que se posicionam no centro somam 8,51%, segundo a pesquisa 'O que pensam os jovens brasileiros'
A pesquisa intitulada “O que pensam os jovens brasileiros” revelou que apenas 33% dos jovens de 18 a 27 anos de idade se declaram de esquerda ou direita. O levantamento, feito pelo Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência da Unifesp e instituto Idea, mostrou que 16,63% dos entrevistados se declararam de centro-direita ou direita, enquanto 16,34% afirmaram ser de centro-esquerda ou esquerda. Aqueles que se posicionam no centro somam 8,51%.
O trabalho revelou ainda que 31,43% nunca tiveram uma posição política. Entre os entrevistados, 20,21% optaram por não responder ou disseram não saber, e 6,87% afirmaram já ter tido uma posição política, mas não mais. “Ao somarmos esses quatro grupos, chegamos a 67,02% dos jovens que não se identificam nem com a direita, nem com a esquerda”, destaca Pedro Fiori Arantes, professor da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp e coordenador da pesquisa.
“Foram anos de disputas virulentas, que geraram uma cultura de antagonismo e até conflitos dentro de famílias e entre amigos. Talvez esse movimento não represente uma despolitização, mas sim um desejo de superar esse fosso que se criou no Brasil”, analisa Arantes.
A pesquisa entrevistou 1.034 pessoas de 18 a 27 anos de idade, em setembro do ano passado. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
No campo do gênero, entre os que se declararam de esquerda ou centro-esquerda, a maioria é de mulheres: 53,3% a 46,7% entre os homens. Já entre os que se declararam de direita, os homens são 64,5% e as mulheres, 35,5%, quase a metade.
Do ponto de vista econômico, a classe AB está mais representada nos que se autodeclararam de direita (37,8%) do que de esquerda (27,2%). Na classe C, são 56,2% da esquerda e 47,1% da direita. Indivíduos da classe DE são igualmente minoria na esquerda (16,6%) e na direita (15,1%).
Os católicos são 34,9% da esquerda e 25% da direita; já os protestantes e evangélicos ocupam 13,6% do campo da esquerda e 48,3% do da direita. Os ateus e sem religião são mais representados na esquerda (39,6%) e menos na direita (17,4%).
Ansiedade e depressão foram apontadas como os maiores desafios pessoais por 38% dos entrevistados, o que representa um aumento em relação a 2021, quando eram 32%. Mulheres mencionaram essas questões com maior frequência do que homens (43% contra 32%).
Também foi apontado o vício em celular e redes sociais, com um aumento de 41% entre 2021 e 2024, sendo mais citado por mulheres (27%) e jovens de classe AB (27%). O consumo de drogas foi mencionado por 22%, com destaque entre jovens de classe C (30%) e aqueles com ensino superior completo (34%).
Jovens apontam corrupção como principal problema do país
A corrupção foi mencionada por 34% dos jovens como o principal problema do Brasil. Esse percentual representa um aumento em relação aos 26% registrados em 2021. A preocupação com o tema foi mais comum entre homens (40%) e jovens da classe AB (37%).
A corrupção foi mencionada por 34% dos jovens como o principal problema do Brasil. Esse percentual representa um aumento em relação aos 26% registrados em 2021. A preocupação com o tema foi mais comum entre homens (40%) e jovens da classe AB (37%).
A violência e a falta de segurança foram o segundo maior problema apontado, com 30% das respostas, uma queda em relação aos 35% registrados em 2021. Fome e pobreza, que eram a principal preocupação em 2021 com 66%, caíram para 18%.
Outro dado importante da pesquisa é a diminuição no número de jovens interessados em empregos de carteira assinada, optando muitas vezes pelo chamado empreendedorismo. Ter o próprio negócio é a maior aspiração profissional de 30% dos jovens, com maior interesse entre mulheres (34%) e jovens pretos (31%) e pardos (32%). Apenas 11% dos jovens manifestaram interesse em empregos sob o regime da CLT.
Jovens se interessam mais por empreendedorismo e menos por carteira assinada.
A pesquisa também revelou que 41% dos jovens apoiam a legalização do aborto, enquanto apenas 33% concordam com a legalização da maconha para uso recreativo. O apoio ao aborto é maior nas classes A e B (46,3%) e no Sul (51,7%). No caso da maconha, o apoio é maior no Sul (41%) e entre jovens ateus (50%).
A crise ambiental foi citada como um dos principais problemas do país por 24% dos jovens, representando um aumento de 243% em relação a 2021, quando o índice era de apenas 7%. A preocupação é mais comum entre mulheres (27%) e jovens de esquerda (32%).
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