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Advogado que pediu cabeça de delator do PCC

é elo com máfia dos ônibus

12/11/2024 às 15h29 Atualizada em 13/11/2024 às 12h43
Por: Redação Fonte: Metropoles
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Artur Rodrigues - Metropoles
Artur Rodrigues - Metropoles

Advogado que pediu cabeça de delator do PCC é elo com máfia dos ônibus.

 

Advogado gravado oferecendo R$ 3 milhões pela morte de Vinicius Gritzbach, delator do PCC, é acusado de lavar dinheiro da facção na UpBus.

São Paulo — Um advogado gravado oferecendo R$ 3 milhões pela morte de Vinicius Gritzbach é o elo entre a execução do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), ocorrida na última sexta-feira (8/11), no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e o esquema de lavagem de dinheiro da facção criminosa por meio de empresas de ônibus que operam linhas na capital paulista.

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Um áudio entregue pelo delator ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) registra uma conversa atribuída a um policial civil do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e ao advogado Ahmed Hassan (foto em destaque), conhecido como Mude, que chegou a ser preso neste ano acusado de atuar na lavagem de dinheiro do PCC por meio da UpBus, empresa que atua na zona leste paulistana.

O material, ao qual o Metrópoles teve acesso, foi gravado pelo próprio Vinicius, sem que os interlocutores soubessem, e entregue ao MPSP. Na conversa, a oferta pela morte do empresário é de R$ 3 milhões e é atribuída por Vinicius a Mude.

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Você acha que três [milhões] vai?”, pergunta o advogado. “É, pensa nos três, vai pensando, me fala depois”, responde o policial. “Mas você acha que ‘tá’ fácil resolver ou ‘tá complicado’?”, questiona Mude, ao que o policial afirma: “Tá fácil, facinho”.

O advogado Ahmed Hassan ainda pergunta se “o passarinho tá voando direto” — se Gritzbach está saindo de casa. O policial responde que “às vezes voa, só que tem um segurança”.

Ahmed Hassan, o Mude, era acionista da empresa de ônibus UpBus, que opera linhas na zona leste de São Paulo, e foi um dos 13 presos na Operação Decurio, em agosto deste ano. Posteriormente, ele passou a cumprir a pena em prisão domiciliar.

Lavagem de dinheiro

Mude é citado em peça do MPSP que afirma que gravações mostram que ele “fez tábula rasa do compromisso ético assumido junto à Ordem dos Advogados [OAB], intermediando o pagamento de propina a policiais e chegando a adquirir cocaína do seu ‘cliente’, na atual sede da UpBus”.

Ele também é citado por ter sugerido a instalação de um escritório dentro da UpBus com objetivo de blindar o local de ações policiais.

O advogado é apontado como suspeito de diversas operações de lavagem de dinheiro. Um relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do governo federal, mostra que, entre 2019 e este ano, Mude recebeu R$ 27 milhões em suas contas.

Um dos exemplos de operações suspeitas é que ele declarou ter adquirido US$ 488 mil em 2022, “período em que seu acréscimo patrimonial teve como lastro os supostos lucros distribuídos da UpBus Qualidade em Transportes S.A., que declarou prejuízo de R$ 510.608,00”.

A apuração do MPSP também afirma que ele utilizou uma empresa do ramo imobiliário para a lavagem do dinheiro, a AHS. Inquérito apurou que a empresa registrou aquisição de R$ 15 milhões em imóveis.

A conexão de Gritzbach e Mude se dá por meio de integrantes do PCC, como Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta. O delator executado no Aeroporto de Guarulhos na semana passada era acusado de lavar dinheiro para Cara Preta e de envolvimento no assassinato do traficante do PCC — Gritzbach admitiu ter lavado dinheiro para membros da facção em sua delação, mas sempre negou participação na morte dele.

Metrópoles não conseguiu localizar Ahmed Hassan nesta terça-feira (12/11). O espaço segue aberto para manifestação.

Empresas de ônibus

Após as suspeitas de ligação do PCC com a UpBus e a Transwolff, a Prefeitura de São Paulo contratou uma auditoria para verificar a atuação delas. Ambas acabaram notificadas, em processo que pode acabar com o rompimento do contrato com as empresas de ônibus.

Há sete meses, as duas empresas estão sob intervenção da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) por suspeita de manter ligação com o PCC.

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