Além das três prisões preventivas, também foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão. Prisões aconteceram em Abreu e Lima, no Aeroporto do Recife e na Paraíba.
A Polícia Civil de Pernambuco divulgou, na manhã desta segunda-feira (16), detalhes sobre a prisão de três mulheres, com idades entre 20 e 29 anos, por crimes que ferem o Estatuto do Idoso e também o Código de Defesa do Consumidor.
As prisões aconteceram em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na casa da suspeita; no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes–Gilberto Freyre, enquanto a segunda suspeita tentava fugir; e a terceira na Paraíba, ao chegar em casa, após ir a um show do cantor Wesley Safadão.
Segundo a polícia, as três jovens fazem parte de um grupo criminoso que atua com golpes de estelionato contra pessoas idosas e outras pessoas de grupos vulneráveis.
A prisão contou com o apoio da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (Dintel) e também da Polícia Civil da Paraíba (PCPB). Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão e três prisões preventivas. Porém, detalhes das prisões das outras duas suspeitas não foram informados.
De acordo com o titular da Delegacia de Abreu e Lima, delegado Guilherme Kerth, as investigações tiveram início em novembro de 2024, quando uma vítima foi à delegacia, registrou um Boletim de Ocorrência, e passou as primeiras informações quanto à ação criminosa.
"Foi a partir daquele momento que a delegacia tomou ciência de que a empresa era utilizada para cometer crimes de estelionato. Depois de novembro, até a dada representação, recebemos inúmeros Boletins de Ocorrência sobre a mesma situação e, atualmente, nós temos dois inquéritos policiais relacionados à essas empresas e às autoras", relatou o delegado.
Segundo Kerth, a empresa de crédito convocava as vítimas e solicitava empréstimos em nome delas por meio de um cadastro facial.
"Elas registravam esse cadastro facial, solicitavam o empréstimo, o dinheiro entrava na conta, e, após o dinheiro entrar na conta, ali mesmo na empresa, elas transferiam parte do valor, ou para uma das três investigadas, ou para terceiros, ou para a própria empresa", disse.
O delegado relata ainda que as vítimas tinham como principal características a "hipervulnerabilidade", como idosos e crianças diagnosticadas no Transtorno do Espectro Autista (TEA)
"Algumas delas não necessitavam de empréstimos. Mas, a empresa forçava a situação. Informando que fariam apenas um cadastro para, caso no futuro fosse necessário fazer um empréstimo, o "cliente" já estaria cadastrado. Mas, nessa situação, elas aproveitavam para fazer o cadastro, pedir um empréstimo e transferir o dinheiro para a conta delas".
Prisões
Segundo a Polícia Civil, esse dinheiro passava pela conta de três mulheres, que já foram presas, pela conta da empresa e de terceiros, que foram usados como "laranjas". A empresa funcionava de forma regular, em Abreu Lima, e tinha matriz em João Pessoa, na Paraíba.
A operação teve como objetivo buscar elementos, informações, e prender as autoras, para que não cometessem novos crimes.
"É possível que a gente identifique outros autores. Aqueles que foram alvo de busca e apreensão, também há indícios de que eles participaram do crime, mesmo que com uma menor participação", comentou o delegado.
Os próximos passos da investigação, ainda segundo Kerth, são analisar o que já foi apreendido e solicitar a apreensão de novos materiais.
"Uma das autoras deu acesso formal ao celular. Então, é necessário fazer uma análise nesse aparelho, que já foi iniciada na sexta-feira, e já foi identificado o contato com algumas vítimas. E vamos solicitar ao juiz o acesso aos outros aparelhos, tanto notebook, quanto celular, para que a gente possa confirmar, de uma maneira bem robusta, a participação de outros autores", explicou.
"Nós solicitamos o bloqueio da conta bancária dessas empresas até o limite do valor do crime cometido, o que não impede que as empresas funcionem, porque o juiz não deu a medida cautelar para que destruísse a atuação das empresas. Mas, elas provavelmente vão trabalhar sem um certo fundo porque a conta está bloqueada", completou.
O delegado orienta que as vítimas procurem a delegacia. Não somente a população de Abreu Lima, mas também das cidades adjacentes.
"Levem os documentos que comprovem que foi feito esse empréstimo indevido, se possível, testemunhas, nomes de quem foi vítima, testemunha, e das autoras, ou informações quanto ao perfil das das autoras, porque nem sempre a vítima sabe o nome da pessoa que atendeu. Mas ela pode descrever que a pessoa", concluiu o delegado.
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