A moção apresentada nesta quarta é apenas a etapa inicial de um processo que pode levar meses.
Se receber votos suficientes, o projeto de lei precisará ser submetido a comissões parlamentares de revisão, para só depois retornar ao Parlamento para uma nova votação.
Apenas se aprovada nesta segunda votação, novas eleições seriam convocadas.
Independentemente do restante do processo, analistas apontam que uma derrota nesta quarta seria um duro golpe para Netanyahu, que veria sua credibilidade política afetada, com a demonstração de que não é capaz de manter a própria coalizão sob controle.
A própria perspectiva de uma eleição antes de outubro de 2026, conforme a previsão inicial, alteraria os fatores de poder.
— Todo o sistema entraria em um modo diferente: o modo eleitoral — disse Aviv Bushinsky, analista político e ex-assessor de mídia de Netanyahu, em entrevista ao New York Times.
Mas sequer a aprovação na primeira votação é garantida, sobretudo com um alinhamento de siglas que pensam de forma quase oposta.
Os partidos de oposição por trás da articulação do projeto são favoráveis ao recrutamento de ultraortodoxos para as Forças Armadas, mas definem como prioridade a queda do governo.
Enquanto isso, os partidos religiosos veem a dissolução do Parlamento como uma medida extrema.
— Ninguém está animado com isso. É o último recurso, mas não temos escolha — disse Moshe Roth, parlamentar do UTJ, em entrevista ao The Times of Israel, admitindo que os ultraortodoxos continuam a negociar em paralelo a questão com o governo, mas que votariam na moção de dissolução se não houvesse acordo.