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R$ 27 bilhões: veja os investimentos de empresas chinesas anunciados para o Brasil.

R$ 27 bilhões: veja os investimentos de empresas chinesas anunciados para o Brasil.

12/05/2025 às 15h06
Por: Redação Fonte: Isto e Dinheiro
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R$ 27 bilhões: veja os investimentos de empresas chinesas anunciados para o Brasil.

R$ 27 bilhões: veja os investimentos de empresas chinesas anunciados para o Brasil.

 

Com três visitas oficiais dos presidentes em dois anos, a aproximação entre Brasil e China pode começar a render frutos em breve, com o país asiático mirando investimentos concretos em diversas áreas da economia brasileira, que começaram a ser apresentados nesta segunda-feira.

Ao final do Fórum Empresarial Brasil-China, que reuniu mais de 700 empresários dos dois países em Pequim, a Agência de Promoção de Exportação (Apex) anunciou R$ 27 bilhões em investimentos de empresas chinesas no Brasil.

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“Se depender do meu governo e se depender da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. A nossa relação será indestrutível, porque a China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China, e nós dois juntos poderemos fazer com que o sul global seja respeitado no mundo como nunca foi”, disse Lula ao encerrar o fórum empresarial.

Em sua fala, Lula voltou a criticar as tarifas impostas pelos Estados Unidos e elogiou a China, afirmando que as críticas feitas ao país são injustas. “A China está se comportando como um exemplo de país que está tentando fazer negócio com os países que foram esquecidos durante os últimos 30 anos por muitos outros países”, disse.

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A China foi o principal alvo das tarifas norte-americanas, com taxas que chegaram a 145%. Nesta segunda-feira, Estados Unidos e China concordaram em reduzir temporariamente as tarifas recíprocas em um acordo no qual os EUA reduzirão as tarifas extras impostas às importações chinesas em abril deste ano de 145% para 30%, e as taxas chinesas sobre as importações dos EUA cairão de 125% para 10%. As novas medidas ficarão em vigor por 90 dias.

“É muito importante dizer para vocês que não existe saída para um país sozinho. É preciso que a gente tenha consciência que nós precisamos trabalhar juntos. É por isso que eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta Terra do dia para a noite”, disse Lula.

 

Empresas chinesas expandem atuação no Brasil

Entre os investimentos chineses apresentados está o que será feito pela Longsys, fabricante de semicondutores. Serão R$ 650 milhões investidos, de acordo com a Apex, na ampliação da produção nos Estados do Pará e São Paulo. Hoje, de acordo com dados do governo federal, o Brasil só possui fábricas que fazem a finalização dos produtos, sem desenvolvimento de tecnologia.

Também foram anunciados um investimento de R$ 5,6 bilhões pela Meituan, empresa de delivery que vai entrar no Brasil com sua marca internacional, Keeta, e de R$ 3,2 bilhões da rede de fast food de bebidas Mixue, que começará a abrir lojas no mercado brasileiro.

 

O governo brasileiro também disse que a empresa Envision pretende colocar R$ 5 bilhões para construção de um parque industrial para produzir Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês), hidrogênio verde e amônia verde.

A conta de R$27 bilhões da Apex inclui ainda investimentos já anunciados, como R$ 6 bilhões da montadora GWM para ampliar a capacidade no Brasil e a compra de uma mina de cobre em Alagoas pela Baiyin.

Projetos de infraestrutura na mira da China

Nos próximos meses, com mais uma visita oficial do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil programada para este ano — possivelmente no entorno da Cúpula dos Brics, em julho — o Brasil espera mais anúncios, especialmente na área de infraestrutura.

Desde uma visita de Xi no ano passado os chineses vêm analisando todas as oportunidades de investimento em obras no Brasil, segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho.

A expectativa é que agora a China escolha os projetos em que tem especial interesse em investir, e que as prioridades da China no setor sejam anunciadas durante o encontro bilateral entre Lula e Xi na terça-feira.

“Nós vamos assinar todos os projetos que possuem sinergia rodoviária e ferroviária com potencial para ampliar exportação para a China, especialmente agro, mas também outras coisas, como minério”, disse o ministro em entrevista à Reuters.

“Pode ser que eles não anunciem diretamente já os projetos que pretendem participar, mas o interesse em determinadas áreas. Eles estão olhando tudo que tem sinergia com o projeto de crescimento do comércio entre Brasil e China”, acrescentou.

Entre as obras listadas pelo ministro como de interesse chinês estão a ferrovia de escoamento da produção de commodities em Açailândia (MA) até o porto de Barcarena (PA); o anel ferroviário do Sudeste, com a ligação entre Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo; a malha de ligação ao porto de Santos e ao porto de Açu; as integrações Centro-Oeste e Leste-Oeste; e a interligação do Brasil com o porto de Chancay, no Peru — já construído pelos chineses.

“Eles estão agora fazendo o que eles já dizem há um bom tempo, mas agora com apetite. É uma carteira que apresentamos algumas vezes, mas agora eles estão com apetite elevado. A ideia é que eles possam fazer anúncios de projetos prioritários de interesse deles”, explicou o ministro.

Na semana passada, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, comentou que o Brasil está em diálogo com a China para a construção de uma rota de ligação entre os oceanos Pacífico e Atlântico, saindo do porto de Chancay e percorrendo o território brasileiro até a costa da Bahia.

As negociações entre Brasil e China avançaram depois que, em 2024, durante a visita de Xi a Brasília, os dois países chegaram a um acordo de parceria no que foi chamado de “sinergias” de desenvolvimento em quatro áreas que interessam especialmente ao Brasil: as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Rotas de Integração, a Nova Indústria Brasil e o Plano de Transição Ecológica.

O acordo foi fechado depois que o Brasil decidiu não participar do programa chinês da Nova Rota da Seda, o programa de investimentos chineses em infraestrutura no mundo, depois de anos de pressão de um lado e resistência do outro.

De acordo com uma fonte diplomática ouvida pela Reuters, a visita Lula a Pequim deve ser o início da consolidação dessas “sinergias”, ou seja, a hora de começar a tirar do papel o que vem sendo conversado desde novembro de 2024.

O governo brasileiro espera ver crescer os investimentos chineses no país, que entre 2007 e 2023 chegaram a US$73,7 bilhões, em 264 projetos, a maioria na área de energia. De acordo com levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CECB), em 2023 foram US$1,73 bilhão, um aumento de 33% em relação ao ano anterior, mas ainda o segundo menor desde 2007.

“A área que mais recebe estoque de investimento de projetos chineses aqui no Brasil é a área de energia elétrica… Uma área que ainda está aquém do potencial que a gente tem de cooperação é na área de ferrovias”, disse à Reuters o diretor de pesquisa do CECB, Túlio Cariello.

“O Brasil também tem potencial para atrair esses projetos. E vejo que tem interesse chinês”, acrescentou.

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