Putin testa limites de Trump sobre sanções impostas pela Europa contra a Rússia.

Rússia está exigindo a reconexão de um de seus maiores bancos estatais ao SWIFT como condição para aceitar uma trégua.

Kremlin possui uma estratégia deliberada para testar até onde o presidente dos EUA, Donald Trump, está disposto a ir para pressionar a Europa a aliviar as sanções, segundo fontes familiarizadas com a situação.

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A Rússia está exigindo a reconexão de um de seus maiores bancos estatais ao sistema de mensagens internacionais SWIFT como condição para aceitar uma trégua mediada pelos EUA no Mar Negro.

O objetivo de escolher o Banco Agrícola Russo foi verificar se Trump inicialmente se engajaria com a ideia e, em seguida, se conseguiria trazer a União Europeia a bordo, disseram duas pessoas próximas ao Kremlin. A UE tem jurisdição sobre o SWIFT, que está sediado na Bélgica.

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O presidente russo, Vladimir Putin, está avaliando o que é possível alcançar com Trump, e o sucesso com o SWIFT pode levar a um enfraquecimento gradual do regime de sanções como um todo, afirmaram as fontes, que pediram para não serem identificadas ao discutir questões sensíveis.

A UE ordenou que o RSHB, como o banco também é conhecido, e outros grandes credores russos fossem desconectados do SWIFT em 2022 como parte de sanções econômicas abrangentes em resposta à invasão da Ucrânia por Putin. Uma coalizão de líderes europeus descartou a possibilidade de aliviar as restrições à Rússia em uma cúpula em Paris na quinta-feira (27).

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse que eles discutiram maneiras de intensificar as sanções para trazer “mais pressão” sobre a Rússia para que esta voltasse à mesa de negociações. O presidente finlandês, Alexander Stubb, afirmou que os líderes já estavam trabalhando em um novo pacote de medidas.

Putin concordou com a proposta do presidente Trump para reviver a Iniciativa do Mar Negro”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta sexta-feira (28), referindo-se ao acordo de exportação de grãos mediado pelas Nações Unidas e pela Turquia entre 2022 e 2023, que foi interrompido quando a Rússia abandonou o acordo.

“Quanto ao SWIFT, ele é uma parte integral da Iniciativa do Mar Negro, que tanto os europeus quanto os americanos apoiaram na época”, afirmou Peskov. “Agora parece que todos mudaram de papéis e os europeus não estão mais a favor. Mas isso não é da conta da Rússia.”

Após três dias de negociações na Arábia Saudita nesta semana, os EUA anunciaram na terça-feira (27) que a Ucrânia e a Rússia concordaram com a trégua no Mar Negro como a próxima etapa nos esforços de Trump para encerrar a guerra, após a aceitação de uma pausa de 30 dias nos ataques à infraestrutura energética.

Enquanto a Ucrânia afirmou que observou imediatamente o cessar-fogo, o Kremlin pareceu surpreender a Casa Branca ao declarar que sua participação dependia da remoção das sanções sobre o RSHB e outras instituições financeiras envolvidas no comércio exterior de alimentos e fertilizantes. Isso incluía a reconexão ao SWIFT, segundo afirmaram.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse a repórteres na quarta-feira (26) que algumas das condições russas “incluem sanções que não são nossas. Elas pertencem à União Europeia.” As autoridades considerariam “qual é a posição russa ou o que eles estão pedindo em troca” e, em seguida, Trump decidiria o próximo passo, afirmou.

“Este é um teste para Trump”, disse Pavel Danilin, um analista político que trabalha com autoridades do Kremlin. “O Kremlin quer ver como Trump lidará com suas promessas.”

A Rússia levantou a questão da reconexão de seus bancos ao SWIFT nas conversas com autoridades dos EUA na capital saudita, Riade, e “os americanos levaram isso de forma tranquila”, disse Grigory Karasin, um dos chefes da delegação russa nas negociações, à televisão estatal na sexta-feira.

O atual governo dos EUA está “interessada em dialogar conosco, em encontrar abordagens e soluções conjuntas”, disse Karasin, um ex-vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia. “Então, vocês verão, a Europa começará a voltar lentamente ao bom senso, a algum tipo de realismo.”