O petista realizará na próxima sexta-feira sua primeira visita a um assentamento do grupo durante o mandato atual
O presidente Lula (PT) realizará na próxima sexta-feira sua primeira visita a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante o mandato atual.
O destino escolhido é o assentamento Quilombo Campo Grande, localizado em Campo do Meio (MG), com o objetivo de reforçar sua relação com o movimento.
O encontro ocorre em meio às críticas do MST sobre a falta de participação do petista nas pautas relacionadas ao grupo.
O MST tem criticado a lentidão da reforma agrária sob o governo Lula e questiona números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Segundo a pasta, 71,4 mil famílias foram assentadas em 2024, mas o MST contesta os dados e exige mais ação, especialmente após o compromisso do governo de assentar 295 mil famílias até 2026.
Em resposta a essas cobranças, o movimento ameaçou intensificar suas ações, com a possibilidade de realizar um “Abril Vermelho”, com uma série de invasões.
Ceres Hadich, dirigente do MST, expressou frustração com a atual gestão, embora tenha minimizado a relação entre as invasões e as negociações com o governo.
Em janeiro, Lula recebeu membros do MST no Palácio do Planalto, pouco depois de o movimento divulgar uma carta pressionando o presidente a assentar 100 mil famílias.
O governo também tem enfrentado uma queda expressiva de popularidade, com índices de desaprovação superando 60% em estados-chave, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
No ano passado, um dos dirigentes do MST, João Paulo Rodrigues, escreveu uma carta cobrando Lula.
Não entenda como uma crítica, mas não é razoável que em dois anos o presidente Lula não tenha feito nenhuma agenda em um assentamento ou em uma área de agricultura familiar”, dizia trecho do documento.
O líder nacional do MST, João Pedro Stedile, disse que o movimento está “cansado de promessas” e cobrou, “sem ser pessoal”, o petista:
Medidas que alcancem, de fato, os 70 milhões de trabalhadores que estão na informalidade, criando programas de emprego e renda, com base na reindustrialização do país para produzir em massa os bens de que a população precisa”.
Stedile evita, contudo, ser incisivo para não atingir Lula diretamente.
O líder do MST prefere atribuir culpa ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira:
“Um pequeno exemplo. O ministro fez ato público em São Paulo para anunciar o curso de Administração Rural pelo Pronera na UFSCAR [Universidade Federal de São Carlos] há seis meses. O curso não tem um centavo. E a UFSCAR não quer começar. Então, não bastam mais propaganda, retórica, eventos e atos no Palácio. Nós queremos medidas concretas que solucionem problemas reais. E os problemas, quando não resolvidos, só se agravam.”Leia mais: “MST segue esperneando contra o governo Lula”
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