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Elba Ramalho: “O nome Recife é lindo, e pernambucano é arretado”

Elba Ramalho: “O nome Recife é lindo, e pernambucano é arretado”

28/02/2025 às 20h36
Por: Redação Fonte: Folha de Pernambuco
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Elba Ramalho: “O nome Recife é lindo, e pernambucano é arretado”

Elba Ramalho: "O nome Recife é lindo, e pernambucano é arretado"

 

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Artista paraibana segue na capital pernambucana desde o Baile Municipal, sua primeira parada de uma agenda intensa de Carna

 

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Excepcionalmente, às 15h da última terça-feira (26), Elba não exaltou sua fé em rede social, quando diariamente entra ao vivo para alimentar a sua espiritualidade - a agenda no Carnaval de Pernambuco não permitiu o feito.

Mas o terço estava sob suas mãos, envoltas por entre as contas do seu Rosário católico, uma espécie de salvaguarda atemporal. “Ai de mim se eu não rezasse”, enfatizou a paraibana em conversa com a Folha de Pernambuco, ao ser indagada sobre o seu objeto de devoção.

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O assunto veio em meio a uma troca leve de outros tantos que passaram, por exemplo, pelo seu amor por Recife - justificado em parte no apreço por versos de Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto.

E como já é sabido, pela própria Elba, por vezes é difícil imaginar que ela não é da Terra dos Altos Coqueiros.

É que “Num Frevo de Capiba (ou) ao som da orquestra armorial”, ser de Pernambuco, ser Leão do Norte para ela soa tão natural quanto seu fazer artístico - atuante no universo há quase cinco décadas. 

Versos pernambucanos

Aos 14 anos de vida Elba Ramalho “Evocou o Recife” com Manuel Bandeira (Evocação do Recife) e com João Cabral de Melo Neto, em “Morte e Vida Severina”, ela começou o seu passeio pela cidade e arredores.

Estas são algumas das justificativas dadas pela artista paraibana ao ser questionada sobre o que a encanta na cidade.

“O nome (Recife) é lindo, pernambucano é arretado e os sanfoneiros daqui são ótimos”, complementou ela, que se sente amada quando está pelas bandas de cá, ao ouvir “meros” gritos por seu nome “Elba, Elba, Elba” ao pisar na areia da praia.

Elba Ramalho, cantora paraibanaCrédito: Arthur Motta/Folha de Pernambuco

Homenageada do Carnaval

Em tom de modéstia, Elba não encara com vaidade estar entre os homenageados do Carnaval de Recife deste 2025 -  Marron Brasileiro e a Troça Abanadores do Arruda também estão entre os escolhidos.

Veterana de carnavais no Recife e no Estado - há pelo menos duas décadas subindo em palcos pernambucanos para os festejos momescos - Elba ainda se emociona ao se deparar com "provas de amor" na capital pernambucana.

"Fui à praia, e eu vi como sou amada. Passei numa barraca, pedi pra guardar meu chinelo pra correr descalça na areia... Aí gritavam alto: 'Elba, Elba, Elba'".

Resistente e ativa
É na areia da praia, aliás, que Elba (também) se exercita e mantém a forma e a saúde para enfrentar maratonas palcos afora. Aos 73 anos e esbanjando vigor, ela não hesita em afirmar que sim,  é "resistente e muito ativa”.

“Pra minha idade sou fora da curva. Mas é uma questão também de manter a mente quieta, espinha ereta e coração tranquilo?”, questionou, em tom de afirmação de quem, de fato, pratica essa tríade saudável para corpo e alma.

“Espero que ainda caiba Alceu e eu”

Defensora da tradição em festas que deveriam ser focadas nas raízes culturais, a exemplo do São João e do próprio Carnaval, Elba Ramalho é categórica ao confessar o seu temor em um futuro que não caiba mais nomes como o seu e o de Alceu Valença.

“Espero que ainda caiba eu e Alceu. Porque tem cidade do São João do Nordeste que só tinha eu. Me deu um desgosto. Só tinha eu com mais dez artistas que não tinha nada a ver com São João (...) Eu não quero cantar nessa cidade mais”.

Crédito: Wesley D'Almeida/PCR

Ao seguir com o assunto, Elba ressaltou se estaria, por exemplo, nos festejos juninos de Campina Grande, na Paraíba, haja vista o que acontece lá, assim como em outras cidades, ao apresentar a grade de artistas que, em boa parte, nenhuma relação têm com a cultura junina.

“Tá mais difícil minha Nega… Será que ainda me querem no São João de Campina (Grande)?”.

No Galo, com o filho
Neste sábado (1º), Elba Ramalho sobe em um trio no Galo da Madrugada, e dessa vez sob a companhia do seu filho Luã - seu filho com o ator e cantor Maurício Mattar.

“Estou muito feliz”, exaltou ela, que está na cidade desde o Baile Municipal de Recife, no último fim de semana, e por aqui seguirá com programação intensa e junto à família.

“Estou organizando onde posso levar minhas filhas”, contou. Uma delas, inclusive, faz cinema, e de acordo com a mãe é “cultíssima”.

“Já tá fazendo roteiro de filme, então ela quer conhecer Brennand, quer conhecer as coisas da cultura daqui, quer ir no museu do Frevo (Paço)”, disse orgulhosa.

A neta Esmeralda, de 4 anos, filha de Luã, também veio passar os festejos de Momo no Recife. E será apresentada pela avó à terra do bolo de rolo - um sabor que ela faz questão de deliciar.

“O bolo de rolo lá em casa é todo dia. Minha neta é apaixonada e tem que ter bolo de rolo (...) Você vai vim pra terra do bolo de rolo”, detalhou Elba durante a conversa, que lhe serviu também para incrementar sua admiração pelo bolo, ao saber que havia se tornado Patrimônio Imaterial de Pernambuco.
 

Crédito: Jorge Farias/Divulgação PMC


E assim como se deu no início, para o fim da prosa Recife voltou à tona, dessa vez em versos rimados de Luiz Bandeira (1923-1998), Elba entoou um dos hinos do Carnaval de Recife, "Voltei Recife".

Com uma "saudade que lhe trouxe pelo braço", aliás, que sempre lhe traz pelo/para os braços de sua terra (quase natal), Elba Ramalho deu o tom da tradição do ritmo mais pernambucano de todos.

Sem titubear, ela mostrou em cantoria que tem em essência da "embriaguês do Frevo", que segue correndo por sua cabeça, corpo e pé - e também, talvez principalmente, pela voz do coração recifense que segue pulsante.

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