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Tráfico de meninos no Afeganistão: estupro, escravidão e impunidade

Tráfico de meninos no Afeganistão: estupro, escravidão e impunidade

27/02/2025 às 09h16 Atualizada em 27/02/2025 às 19h22
Por: Redação Fonte: Agência O Antagonista
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Foto: Reprodução
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Tráfico de meninos no Afeganistão: estupro, escravidão e impunidade

 

Talibã reforça a repressão contra mulheres e dissidentes, mas fecha os olhos para uma das mais brutais formas de violência infantil do mundo

No Afeganistão, uma prática ancestral transforma meninos em escravos sexuais sob o olhar conivente das autoridades locais, segundo denúncia publicada no Daily Mail.

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Conhecida como Bacha Bazi, que significa “brincadeira de menino”, a tradição consiste em sequestrar, comprar ou aliciar garotos, forçá-los a se vestir como mulheres, dançar para seus “donos” e, em seguida, serem estuprados.

Após a retirada das tropas americanas em 2021, o costume voltou a se espalhar pelo país e, segundo estimativas, até metade dos homens em algumas regiões tribais participam da exploração.

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O Bacha Bazi não é um fenômeno recente. Relatos históricos apontam que a prática existe desde o século XIII e sobreviveu ao longo dos anos sob a proteção de poderosos senhores de guerra. Durante a invasão soviética nos anos 1980, os mujahideen já mantinham crianças em cativeiro.

Relatórios do Departamento de Estado dos EUA e de organizações internacionais apontam que a volta do Talibã ao poder não impediu a continuidade do abuso. Em algumas províncias, os próprios combatentes extremistas são acusados de manter meninos como escravos sexuais.

Um levantamento da União Europeia de 2024 revelou que as forças de segurança afegãs não apenas ignoram os casos, mas também recrutam crianças para serem exploradas.

Os alvos preferenciais são meninos pobres, vendidos por suas famílias em troca de dinheiro ou comida.

Muitos são sequestrados nas ruas e levados para as casas de seus agressores, onde passam anos sofrendo abusos. Quando chegam à puberdade e deixam de ser “atraentes” para seus donos, são descartados, muitas vezes caindo na prostituição ou no vício em drogas.

A hipocrisia se torna ainda mais evidente quando se observa que o Afeganistão pune a homossexualidade com a morte, mas permite que a exploração sexual de meninos continue sem punição.

Para muitos líderes tribais, o abuso infantil não é considerado um ato homossexual porque envolve um adulto e uma criança.

Durante a ocupação americana, soldados relataram ouvir gritos de crianças sendo violentadas dentro de bases militares afegãs, mas foram instruídos a ignorar, sob a justificativa de que se tratava de um “costume local”.

Em 2015, um fuzileiro naval dos EUA que tentou impedir um comandante afegão de manter um menino acorrentado em seu alojamento foi expulso do Exército por “interferir nos assuntos culturais do país”.

A passividade da comunidade internacional mantém o ciclo de impunidade. Desde 2018, o Afeganistão possui leis que criminalizam o Bacha Bazi, mas a corrupção e a influência dos líderes tribais garantem que quase ninguém seja punido.

Enquanto isso, o Talibã reforça a repressão contra mulheres e dissidentes, mas fecha os olhos para uma das mais brutais formas de violência infantil do mundo.

Com o Afeganistão isolado do mundo e sob o domínio de terroristas, a prática segue sem perspectiva de interrupção.

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