Iniciativa foi produzida pelos estudantes da Escola Técnica Estadual Professor Paulo Freire, de Carnaíba. Proposta é a única do estado a chegar na final da competição.
Educação, tecnologia e sustentabilidade são temas que andam muitas vezes lado a lado e tem o poder de estimular jovens a buscar soluções inovadoras para problemas do dia a dia.
Em Carnaíba, no Sertão de Pernambuco, estudantes da rede pública desenvolveram um filtro sustentável para casas de farinha da região. A iniciativa é finalista no prêmio Solve for Tomorrow Brasil, promovido pela Samsung.
A Escola Técnica Estadual Professor Paulo Freire, localizada há quase 400 quilômetros de Recife, é berço de ideias inovadoras.
Segundo a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, foi pensando em solucionar problemas enfrentados nas casas de farinha do Quilombo do Caroá que um grupo de alunos desenvolveu o Filtropinha, um filtro absorvente à base de cascas de pinha que é capaz de reduzir a carga poluente da manipueira, resíduo tóxico gerado na produção da farinha de mandioca.
O líquido amarelado contém ácido cianídrico, que contamina o ecossistema e pode causar problemas de saúde, como dores de cabeça, tonturas e falta de ar. Estes sintomas já estavam sendo apresentados por vários trabalhadores da comunidade quilombola.
“A problemática foi identificada por algumas alunas que são da comunidade. Em muitos casos, o pessoal das casas de farinha trabalha sem nenhum equipamento de proteção e não conhece os riscos da manipueira, pois nunca foi ensinado que esse material polui e prejudica o meio ambiente”, explica o professor Gustavo Bezerra, orientador do projeto.
O protótipo desenvolvido pelos estudantes tem como premissa:
Segundo as pesquisas da equipe de estudantes, as farinheiras gastam em média 15 a 20 mil litros de água por produção.
Casa de farinha de Carnaíba — Foto: Josimar Oliveira/Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco
De acordo com Luana Noêmia, uma das alunas do projeto, os moradores da comunicada ficaram curiosos com a novidade e interessados em aplicar o projeto no dia a dia. “O filtro pode ser uma alternativa excelente para promover uma produção sustentável e uma melhoria de qualidade de vida nessas comunidades que têm casas de farinha”.
Inicialmente, o projeto custa R$ 5. O Filtropinha é composto por um modelo construído a partir de uma impressora 3D e possui camadas de algodão, papel filtro, farinha de casas de pinha e carvão ativado
O protótipo conta com uma rosca pensando para facilitar a implementação nas caixas d’água onde fica armazenada a manipueira nas casas de farinha.
Entre os testes realizados durante o experimento, os estudantes calcularam a taxa de germinação de sementes. Com a manipueira tratada pelo Filtropinha, a taxa chegou a 80%, enquanto cai para 20% quando se utiliza o líquido em seu estado natural.
“No solo contaminado pelo descarte incorreto da manipueira, não tem como germinar nada, mas a manipueira tratada pode ser reutilizada para lavar as raízes da mandioca e fazer com que o solo não se contamine também”, explica a aluna Beatriz Vitória, que é moradora do Quilombo do Caroá.
Durante o Rec’n’Play, o Filtropinha também foi apresentado na mesa “Conexões Empreendedores: um bate-papo das Startups com a Governadora Raquel Lyra”.
O Filtropinha é um dos 10 projetos finalistas do prêmio Solve For Tomorrow Brasil 2024, da Samsung. A iniciativa incentiva a produção científica e tecnológica de estudantes de escolas públicas na construção de soluções inovadoras para problemas locais e globais. O projeto é o único finalista de Pernambuco e compete com outros trabalhos do Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Os vencedores serão anunciados no dia 3 de dezembro.
A premiação tem foco na abordagem STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), que parte de um desafio ou problema com múltiplas possibilidades de soluções ou respostas. Nela, o ensino de Ciências encontra suporte nas Tecnologias, nos processos das Engenharias e na aplicação da Matemática para solucionar problemas reais em situações concretas, de forma inovadora.
Estudantes e professor envolvidos no projeto — Foto: Josimar Oliveira/Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco
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