Muito além do palco e do circuito oficial, a tradição junina nas comunidades e na zona rural é vivida também com renda para moradores, visibilidade para artistas locais e movimento de pequenos negócios. O São João traz a cultura tradicional, gerando desenvolvimento de forma direta por meio da economia criativa — e com sotaque nordestino.
É o caso de Tânia Rodrigues, moradora do bairro Praça Kennedy, que iniciou na arte na infância e, ao longo dos anos, se estabeleceu como artista. “Desde criança, sempre gostei muito de lápis de cor, de pintar, de fazer trabalho escolar de arte. Quando eu estudava no infantil, as professoras mandavam as capas dos colegas para que eu pudesse colorir em casa. Hoje, eu transformei esse amor de infância em uma profissão”, contou.
A artesã afirmou que faz sua arte o ano inteiro e tem inspiração da sua própria criatividade, porém no período junino sua inspiração fica mais aflorada. “Trabalho com artesanato o ano inteiro. Já fiz muita pintura em fraldas de bebê, decoração de quarto infantil, mas, nos meses de maio e junho, meu foco muda, uso muito a chita e juta, varal de bandeirola, coisas de palha como chapéu ou abano. Faço tudo que vem na cabeça, que possa ser junino, eu produzo”, disse.
Tânia é um dos exemplos de economia criativa que acontece nos bastidores dos festejos, impactando diretamente nas experiências prazerosas, inclusivas e sustentáveis do povo alagoinhense. É com esse tipo de economia que se pode apresentar a cultura de um povo – com a cara do interior.