A partir de segunda-feira, 9, as ações da JBS serão negociadas na B3 por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs). A admissão foi aprovada em 30 de maio pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O marco representa um avanço significativo na estratégia de dupla listagem da companhia nas bolsas de valores americana e brasileira.
A última sexta-feira,6, marcou o último dia de negociação das ações da JBS na B3. Na quinta, 5, a New York Stock Exchange (NYSE) concedeu a admissão definitiva à negociação das Class A Shares JBS N.V.. Estima-se que, a partir do próximo dia 12, terá início a negociação dos papéis da companhia nos Estados Unidos. A empresa seguirá listada no Brasil via negociação de BDRs na B3, sob o código JBSS32.
“Com a dupla listagem, buscamos uma estrutura corporativa que reflita melhor a nossa presença global e as nossas operações internacionais diversificadas, além de facilitar a implementação da nossa estratégia de crescimento e agregação de valor. A medida deve destravar ainda mais valor da JBS, com maior acesso a investidores e a juros mais competitivos, para ampliar a capacidade de financiar o crescimento a um menor custo, acelerando a estratégia de diversificação”, explica o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti.
O que muda?
Os BDRs da JBS N.V. serão negociados na B3 de modo semelhante à negociação de ações. Quaisquer distribuições de dividendos realizadas pela JBS N.V. e atribuídas às ações Class A Shares serão devidas aos detentores dos BDRs. Para cada duas ações ordinárias da JBS S.A., os acionistas receberão um BDR, que corresponderá a uma Class A Share. Para os detentores de ADRs da JBS S.A., a relação de troca será de 1:1, ou seja, cada ADR será convertido em uma Class A Share.
Porém, o novo papel da JBS na B3 ainda é uma incógnita do ponto de vista de volume e comportamento. Historicamente, BDRs têm menor liquidez do que ações negociadas diretamente, e isso pode representar um desafio adicional para os investidores institucionais, que dependem de ativos com maior profundidade para operar grandes volumes com eficiência.
Ausência de um gigante
Em 2025, conforme levantamento da Elos Ayta, até 6 de maio, os papéis da JBS movimentaram, em média, R$ 421,3 milhões por dia no mercado à vista da B3. Trata-se do maior nível de liquidez da empresa desde 2019 — e um novo recorde, superando os R$ 412,7 milhões/dia registrados em 2020. Esse desempenho representa nada menos que 2,19% de todo o volume financeiro médio diário da B3 neste ano, um percentual sem precedentes para a empresa.
Com a saída da JBS, o mercado perde um de seus principais motores de liquidez. Em um cenário em que o volume total negociado na bolsa brasileira ainda se recupera lentamente — os R$ 19,2 bilhões/dia registrados em 2025 ainda estão bem abaixo do pico de R$ 28,5 bilhões em 2021 —, a retirada de um player que responde por mais de R$ 420 milhões por dia não passa despercebida.
Desde 2019, a JBS nunca representou menos de 1% do volume total da B3. A curva verde, que retrata a participação da empresa no volume financeiro médio diário anual, mostra uma trajetória de queda gradual entre 2019 (1,75%) e 2023 (0,93%), seguida de uma recuperação vigorosa em 2024 (1,19%) e um salto expressivo em 2025, atingindo os atuais 2,19%.
A companhia também deixará um espaço considerável em termos de valor de mercado. Em 2025, a empresa responde por 1,96% da capitalização total da B3, número próximo aos 2,04% registrados no final de 2024. Desde 2019, sua fatia de mercado esteve consistentemente acima de 1%, tendo atingido o menor patamar em 2023, com 1,19%.