A Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse) completa, nesta quinta-feira, 29 de maio, quatro décadas de atuação, consolidada como um dos mais importantes grupos sinfônicos do Nordeste e um patrimônio cultural do povo sergipano. Fundada em 1985, mantida pelo Governo do Estado de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), o grupo é composto atualmente por 55 músicos e realiza cerca de 100 obras por temporada, atingindo um público médio de 40 mil pessoas por ano, em apresentações na capital e no interior do estado. Ao longo desses 40 anos, a Orsse tornou-se referência em excelência artística, formação de públicos e democratização do acesso à cultura.
O presidente da Funcap, Gustavo Paixão, destaca os investimentos que estão sendo realizados para fortalecer ainda mais o grupo dentro e fora do estado. “Estamos estimulando as caravanas da Orquestra, garantindo recursos para trazer maestros e músicos convidados, e ampliando as apresentações, primeiro no interior do estado e, depois, em uma turnê nacional. A Orsse é um dos maiores patrimônios culturais de Sergipe, referência na música clássica e popular, e convidamos toda a população a prestigiar essa celebração tão importante”, disse.
Da fundação aos palcos do Teatro Tobias Barreto
A história da Orsse teve início antes mesmo da criação oficial do grupo. Desde 1971, alunos e professores do Conservatório de Música de Sergipe já se reuniam para ensaiar música de câmara e peças orquestrais em pequenas formações. Em 1985, sob a regência do maestro sergipano Rivaldo Dantas de Farias (1941–2021), natural de Maruim, a orquestra foi oficialmente fundada como um grupo experimental vinculado ao Conservatório.
Após um período de desafios administrativos entre 1992 e 2002, a Orquestra passou a ter como sede, a partir de 2003, o Teatro Tobias Barreto. O espaço possibilitou a ampliação de repertórios, a realização de concertos de maior porte, o acolhimento de solistas e maestros convidados e o desenvolvimento de projetos voltados à formação de público.
O diretor do teatro, Kennedy Fonseca, destaca a importância dessa trajetória conjunta. “O Teatro Tobias Barreto é a casa da cultura de Sergipe. Aqui recebemos a Orquestra Sinfônica e, nos últimos anos, temos sido surpreendidos pela quantidade de público que chega. Nas últimas três apresentações, tivemos casa lotada, graças ao trabalho da nossa chefe administrativa, Raquel Amado, do maestro Guilherme e ao apoio da Funcap. Isso fortalece a cultura, principalmente a música em nossa cidade. Os 40 anos da Orquestra representam um trabalho consistente em prol da música erudita e da música clássica em Sergipe”, afirmou.
Direção
Em 2006, o maestro Guilherme Mannis assumiu a direção artística e a regência titular da Orsse. À época com 26 anos, ele era o maestro mais jovem entre todas as orquestras sinfônicas profissionais do país. Desde então, ao lado dos músicos, tem promovido um trabalho contínuo de expansão e qualificação da produção sinfônica no estado.
“A alegria é muito grande em celebrar esses 40 anos, dos quais participei de 19, com muita energia, em um trabalho absolutamente coletivo. Reconheço que cada músico aqui tem sua parcela de responsabilidade e seu brilho em todo esse trabalho. De forma geral, é uma grande alegria poder compartilhar isso com o nosso público, que vem lotando cada vez mais o nosso Teatro Tobias Barreto”, afirmou.
Realizações
Ao longo de quatro décadas, a Orsse acumulou grandes conquistas, como a realização das óperas La Bohème, Aida e Tosca; a gravação do CD Cinquentenário Villa-Lobos; a execução da integral das sinfonias de Beethoven, Tchaikovsky, Schumann e Brahms; além de obras sinfônico-corais, como O Messias, de Händel; Carmina Burana, de Carl Orff; e a Fantasia Coral, de Beethoven. Já em 2024, para celebrar o Dia da Sergipanidade, a Orsse e o Coro regravaram o Hino de Sergipe, composto por Frei José de Santa Cecília, em diferentes espaços históricos e culturais do estado.
“Realizamos muitas apresentações importantes: a turnê nacional com passagens por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, as óperas em forma de concerto e os trabalhos com coros sinfônicos. São muitos momentos marcantes. Esse último concerto do Festival Tchaikovsky foi lindo. Ficamos completamente enlevados, e sempre tentamos manter essa alegria e essa constância em nossa produção”, destacou o maestro Guilherme Mannis.
Presente desde a fundação, o músico José Ferreira Santo Júnior acompanhou e participou de toda a trajetória da Orquestra. Ingressou como estagiário e hoje é integrante efetivo do grupo. “A Orsse é uma vida. São 40 anos. Para mim, é tudo. Foi por meio dela que conquistei muitas coisas. Considero que a Orquestra está em um patamar elevado dentro da música clássica. É um espelho para outras formações: bandas, orquestras menores, grupos de câmara. Para um músico, estar em uma orquestra sinfônica é um ideal, e eu sou muito grato por fazer parte disso”, afirmou.
Democratização de acesso à arte
A missão da Orsse vai além dos palcos. Democratizar o acesso à música e formar novos públicos são pilares da atuação do grupo. Ao longo dos anos, a Orquestra investiu em ações formativas como masterclasses, palestras e festivais, em parceria com instituições como o Conservatório de Música de Sergipe. A flexibilidade de repertório é outra característica, ao transitar com naturalidade entre o erudito e o popular, a Orsse conquista novos ouvintes e mantém fidelidade dos públicos já consolidados.
“Eu acho que a Orsse tem um papel fundamental na cultura de Sergipe. Ela mostra que podemos ter um grupo de altíssimo nível aqui no estado, que dialoga com a sociedade. Não impõe uma programação: ela propõe. Traz música popular, trilhas de filmes, repertório tradicional, música contemporânea, entre outros. É um grupo muito eclético, que reflete a produção artística da nossa sociedade”, concluiu o maestro Guilherme Mannis.
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