José Jefferson mira as disputas dos abertos de Fortaleza e Vitória, da IBJJF, em junho e agosto, respectivamente.
O pernambucano José Jefferson, faixa roxa de jiu-jitsu, é mais um de tantos exemplos de pessoas que movem mundos e fundos para alcançar seus objetivos e sonhos. Pretendendo estar nas mais importantes competições da modalidade, o jovem de 20 anos se desdobra numa rotina de trabalho, venda de amendoins nos sinais do Recife e divulgação de sua rifa.
Dono de uma rotina exaustiva, o jovem trabalha em horário comercial como promotor de vendas. Em seguida, já à noite, dedica-se a ensinar a arte suave para crianças e encerra a jornada com o treino na ROX BJJ, no bairro de Afogados, sob o comando do treinador Marcos Ferraz.
Vindo com presença em dez competições no período de um ano, Jefferson enxerga no jiu-jitsu esportivo como a possibilidade de mudar a realidade dentro de casa.
“Meu sonho é viver de jiu-jitsu e dar uma vida melhor para a minha mãe. Moramos eu e ela, eu acredito que um dia vou conseguir viver só de jiu-jitsu. A competição é uma porta para quem quer viver disso”, iniciou.
“A gente vai competindo, ganhando engajamento no Instagram, até um dia começar a ser reconhecido, ganhar patrocínio e realmente conseguir viver só de jiu-jitsu. Atualmente eu tenho que trabalhar, só treinar não vou levar o sustento de casa", refletiu o jovem.
Determinado para estar nos abertos da Federação Internacional de Jiu-Jitsu Brasileiros (IBJJF), em Fortaleza e Vitória, em 22 de junho e 8 de agosto, respectivamente, Jefferson tomou atitude de transformar essa chance em realidade.
“Eu iniciei só com a rifa, sendo que vi que não ia ser o suficiente e que seria melhor eu ir para rua vender amendoim. Nisso, vai juntar a rifa com o dinheiro do sinal e vai ajudar bastante"
Segundo o faixa roxa, a ideia surgiu do exemplo de outros colegas, que atualmente estão treinando jiu-jitsu no Rio de Janeiro, onde que toda a história do esporte começou.
"Outros colegas que também vendiam amendoim - hoje em dia não moram aqui mais, estão passando uma temporada no Rio de Janeiro - então eu via eles fazendo as plaquinhas para divulgação da rifa e fiz o mesmo", revelou.
Início
Há dez anos, entre idas e vindas, os tatames do jiu-jitsu tornaram-se um reduto de estabilidade e confiança para Jefferson. Além de um espaço que lhe permite se expressar por meio de raspagens e finalizações, o esporte também surgiu como um local para se encontrar com suas raízes.
Rapaz de origem humilde, viu a família sofrer com as dificuldades financeiras e a necessidade de constantes mudanças de endereço. Morador da Zona Oeste do Recife, foi no bairro de Jardim São Paulo onde tudo começou.
"Eu conheci (o jiu-jitsu) através do meu irmão, ele acabou ‘me arrastando’. Porém, eu nunca conseguia dar continuidade porque nós nos mudávamos bastante, era por causa disso que não dava sequência. Em 2022, foi que realmente voltei e não parei mais. Coloquei na cabeça: não vou parar independente do lugar que eu esteja”, relembrou.
Batalhas
Sem conseguir se estabelecer por anos, a infância e adolescência de J.Jefferson foi marcada por seguidos recomeços e dificuldades constantes. De temperamento sereno, o lutador recordou algumas situações que precisou enfrentar, mesmo sem querer revidar.
"Era horrível. Não aguentava mais mudanças, eu até falava para minha mãe. Teve uma mudança para Água Fria, lá a gente morava em uma comunidade, um lugar difícil e eu sofria muito bullying na escola. Teve um dia que apanhei e cheguei com a camisa rasgada, com o rosto sangrando”, contou.
Raízes
Mesmo que não tenha tido tempo suficiente para fincar raízes em muitos dos locais por onde passou, Jefferson, por outro lado, percebeu muito cedo a importância de valorizar aqueles que estão ao seu lado.
Quando questionado quais são as suas referências, José Jefferson passou longe de citar qualquer nome famoso do mundo das lutas e pôs os familiares como suas grandes inspirações.
"Minha maior referência é minha mãe, porque ela me criou sozinha. Desde pequeno foi ela para tudo, minha mãe foi muito guerreira, sempre lutou para me dar as coisas que eu queria, então tudo que eu puder fazer para ajudar e dar uma vida melhor, eu vou buscar isso", afirmou
“Cresci cercado de bons exemplos, como é o meu irmão. Ele teve uma filha recentemente e isso uniu muito mais a família, nos aproximou muito. Nossa relação é muito boa, ele é meu amigo, treina jiu-jitsu também e me apoia bastante. Quando eu estou em competição me dá conselho e me elogia bastante. Ele é minha outra referência"
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