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Pressão dos EUA não tira Apple da China.

Pressão dos EUA não tira Apple da China.

14/04/2025 às 06h27
Por: Redação Fonte: Agência O Antagonista
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Pressão dos EUA não tira Apple da China.

Pressão dos EUA não tira Apple da China.

 

Nos Estados Unidos, onde o governo pressiona para que a Apple instale fábricas, o custo estimado para produzir um iPhone ultrapassaria US$ 3 mil.

A Apple foi temporariamente poupada das tarifas de até 125% sobre eletrônicos importados da China, mas a isenção parcial anunciada pelos Estados Unidos está longe de representar uma trégua duradoura.

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Autoridades americanas afirmaram que produtos como smartphones e computadores – embora excluídos das tarifas “recíprocas” mais pesadas – serão reavaliados em breve dentro de uma nova rodada de sobretaxas sobre semicondutores e eletrônicos.

A mensagem do governo americano foi direta: nenhuma empresa – nem mesmo gigantes como Apple, Nvidia ou Microsoft – estará isenta por muito tempo.

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A retórica oficial não deixa dúvidas: “Ninguém está fora do gancho”, afirmou o presidente Trump em rede social. Para a Apple, isso representa mais um capítulo de incerteza em um cenário que já vinha sendo marcado por instabilidade regulatória e pressão sobre sua cadeia produtiva.

O setor tecnológico americano, especialmente os grupos com produção concentrada na Ásia, tem sofrido com a volatilidade das decisões comerciais da Casa Branca, o que provocou, na última semana, uma onda de vendas no mercado de ações e nos títulos do Tesouro americano.

A Apple, em particular, representa o caso mais emblemático. Cerca de 80% dos iPhones ainda são produzidos na China. A empresa já ampliou sua presença na Índia, que hoje responde por 20% da produção global de iPhones, mas continua longe de ser uma substituição completa.

A estrutura chinesa oferece um nível de escala, treinamento e logística que nenhuma outra região consegue replicar no curto ou médio prazo.

Uma única fábrica em Xangai chegou a perder 25 mil trabalhadores por mês, precisando repor todos imediatamente para manter o ritmo. Isso exige uma reserva de mão de obra e uma capacidade de mobilização que só a China oferece.

Nos Estados Unidos, onde o governo pressiona para que a Apple instale fábricas, o custo estimado para produzir um iPhone ultrapassaria US$ 3 mil.

A ausência de mão de obra qualificada em larga escala e o alto custo da infraestrutura tornam a proposta inviável.

Para especialistas do setor, o esforço para trazer de volta a manufatura de alta tecnologia ao território americano esbarra em limitações práticas que nenhuma política industrial de curto prazo consegue resolver.

Enquanto isso, Pequim segue firme. O governo chinês respondeu à ofensiva americana com tarifas de 125% sobre produtos dos EUA.

O Ministério do Comércio da China pediu a retirada das medidas recíprocas, argumentando que “não há vencedores em uma guerra comercial”.

Mesmo assim, os sinais são de endurecimento. A Apple, no centro desse tabuleiro, é simultaneamente um ativo estratégico e uma vulnerabilidade exposta.

Ela depende de insumos chineses para manter suas operações, mas também representa um alvo sensível nas disputas entre as duas maiores economias do mundo.

No horizonte próximo, novos capítulos já estão sendo preparados. Washington anunciou que irá impor tarifas específicas sobre chips e semicondutores, com o percentual a ser definido ainda nesta semana.

Esses produtos serão o foco da próxima rodada da investigação tarifária nacional de segurança. A justificativa: garantir a produção doméstica de itens considerados críticos, como medicamentos e componentes eletrônicos.

As reações de mercado foram imediatas. Investidores como Ray Dalio alertaram para os riscos de recessão e “algo pior” se as medidas não forem conduzidas com cuidado.

Hedge funds e analistas como Daniel Ives, da Wedbush Securities, criticaram a instabilidade gerada por declarações contraditórias e medidas improvisadas, que tornam o planejamento logístico e de produção quase impossível para as empresas.

Com mais de US$ 2 trilhões em valor de mercado, a Apple continua no centro de uma guerra comercial que não dá sinais de trégua real.

A ilusão de isenção tarifária, desfeita em menos de 48 horas, reforça o cenário de que a gigante americana está encurralada em uma dependência que ela mesma ajudou a construir. E não há solução definitiva à vista.

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