Apesar da mudança no cenário tarifário, fontes afirmam ao jornal que a Apple não pretende, neste momento, aumentar preços em mercados como a Índia. No entanto, a empresa avalia os efeitos das tarifas sobre sua cadeia de suprimentos global, e eventuais ajustes não seriam limitados aos Estados Unidos.
As tarifas impostas pelo governo americano fazem parte de um pacote mais amplo, que elevou para 54% as taxas sobre produtos da China e para 26% sobre os da Índia. A Apple, que depende fortemente da produção chinesa, viu suas ações caírem 19% após o anúncio — a pior sequência desde a crise das pontocom, segundo o Wall Street Journal.
Para mitigar riscos, a companhia pretende ampliar o envio de iPhones montados na Índia para os EUA. Estimativas do Bank of America indicam que a Apple deve produzir cerca de 25 milhões de unidades no país este ano, o que poderia cobrir até metade da demanda americana, caso toda a produção fosse redirecionada.
Do lado indiano, o governo vê a crise comercial como uma oportunidade estratégica. “Estamos diante de uma chance única na história”, afirmou o ministro do Comércio, Piyush Goyal, em evento realizado em Mumbai. Ele defendeu que a Índia está preparada para se beneficiar das mudanças na estrutura do comércio global.
Enquanto isso, a Apple busca uma solução mais duradoura. Segundo o Wall Street Journal, a empresa tenta obter uma isenção da tarifa — algo já conseguido por Tim Cook durante o primeiro mandato de Trump. Por ora, a companhia considera o momento instável demais para rever sua cadeia produtiva, que segue centralizada na China.
Segundo analistas, a nova tarifa sobre produtos chineses pode adicionar cerca de US$ 300 ao custo de produção de um iPhone 16 Pro, hoje vendido a US$ 1.100. A alternativa de transferir a produção para os Estados Unidos foi descartada devido aos custos muito mais elevados.