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Guia dá detalhes sobre o novo modelo de crédito consignado oferecido a trabalhadores com carteira assinada.

Guia dá detalhes sobre o novo modelo de crédito consignado oferecido a trabalhadores com carteira assinada.

30/03/2025 às 10h19
Por: Redação Fonte: Agência Extra Globo
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Novo crédito consignado para trabalhadores do setor privado movimenta R$ 1,28 bilhão e oferece taxas mais baixas — Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Novo crédito consignado para trabalhadores do setor privado movimenta R$ 1,28 bilhão e oferece taxas mais baixas — Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Guia dá detalhes sobre o novo modelo de crédito consignado oferecido a trabalhadores com carteira assinada.

 

Empréstimo com desconto em folha oferece juros menores.

Os brasileiros já começaram a solicitar crédito por meio do novo consignado para trabalhadores do setor privado. Em apenas sete dias, o Crédito do Trabalhador liberou mais de R$ 1,28 bilhão em empréstimos para assalariados. Até a última quinta-feira (dia 27), foram firmados 193.744 contratos, com valor médio de R$ 6.623,48 por pessoa. A parcela média ficou em R$ 347,53, com prazo médio de 19 meses para pagamento.

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Embora o consignado para trabalhadores da iniciativa privada já existisse, a modalidade era restrita a grandes empresas com convênios firmados com bancos específicos. A nova linha de crédito, por sua vez, é acessível a todos os empregados com carteira assinada do país — um universo de 47 milhões de pessoas, incluindo funcionários de microempreendedores individuais (MEI). A estimativa é que, nos próximos quatro anos, cerca de 19 milhões de trabalhadores optem por essa modalidade, movimentando mais de R$ 120 bilhões em empréstimos.

O novo consignado é visto como vantajoso tanto para os bancos, que têm como garantia de recebimento o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) do trabalhador, quanto para os consumidores, devido às menores taxas de juros. Especialistas destacam que, por oferecer taxas mais baixas, esse crédito é uma alternativa interessante até para quitar dívidas com juros mais altos.

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— Vale a pena fazer o consignado novo para quitar o antigo. Dá para fazer uma arbitragem, que consiste em substituir uma taxa mais alta por uma mais barata — diz Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec.

Sem teto fixado

O consignado não tem uma alíquota fixa. O banco faz uma oferta ao trabalhador, mas não existe um teto para os juros. A taxa é fixada com base em critérios como salário, tempo de serviço e condição da empresa na qual trabalhador está empregado. O Ministro do Trabalho e Emprego (MTE) afirma que, em caso de abusos por parte das instituições financeiras, poderá estabelecer um teto para os juros cobrados.

O sistema está em operação desde 21 de março, e outras novidades estão por vir. Trabalhadores que já têm um consignado poderão migrar para a nova modalidade a partir de 25 de abril. Já a portabilidade entre bancos será liberada em 6 de junho.

 

Hoje, os interessados podem solicitar propostas de crédito diretamente às instituições financeiras por meio do aplicativo Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital). Para isso, é necessário autorizar o acesso aos seus dados. Depois disso, o trabalhador recebe ofertas em até 24 horas para analisá-las e contratar a opção escolhida pelo canal do banco.

O EXTRA mostra abaixo como funciona o Crédito do Trabalhador e quais cuidados ter ao contratar a modalidade. Além disso, apresenta algumas simulações. Confira.

Entenda o novo consignado privado em 12 pontos

Para quem é recomendado

Letícia Camargo, planejadora financeira certificada pela Planejar, explica que esse modelo de crédito é indicado para quem já tem dívidas com taxas de juros mais altas, como parcelamentos de faturas de cartão de crédito, saldo devedor no cheque especial ou empréstimo via Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Além disso, ela recomenda o consignado em situações de emergência, caso o trabalhador não tenha uma reserva financeira disponível.

Descontos e garantias

O trabalhador poderá usar até 10% do saldo no FGTS para garantias e ainda 100% da multa rescisória de 40% paga pelo empregador em caso de demissão sem justa causa. No caso de desligamento, o desconto será aplicado sobre as verbas rescisórias, observado o limite legal. O saldo devedor também poderá ser transferido para o próximo vínculo empregatício.

Para quem antecipou o saque-aniversário

Para quem já antecipou o saque-aniversário por meio de um empréstimo bancário, a reserva do FGTS é menor. O economista Gilberto Braga explica que, nesses casos, os trabalhadores podem receber uma oferta de consignado com valor reduzido porque há uma menor garantia de pagamento.

Cuidados ao contatar

Ao solicitar um crédito, Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira e PhD na área, diz que o trabalhador deve estar ciente de que a parcela do empréstimo pode representar uma redução de até 35% em sua renda. O especialista destaca que isso pode exigir a redução do padrão de vida para equilibrar o orçamento mensal. Ele também alerta para a importância do uso responsável do crédito consignado, a fim de evitar o descontrole financeiro.

Aposentados que mantém um vínculo CLT

Os aposentados que seguem trabalhando de carteira assinada também podem solicitar o Crédito do Trabalhador. No entanto, Reinaldo Domingos lembra que as taxas do consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) são mais baixas. “Embora a taxa de juros do consignado INSS tenha sido elevada para 1,85% ao mês, ainda pode ser uma boa opção em comparação com outras formas de crédito”, orienta.

Trabalhador com “nome sujo” pode contratar?

O novo consignado pode ser feito por trabalhadores da iniciativa privada com “nome sujo”. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que os bancos não podem usar a inadimplência como critério para a liberação do crédito. No entanto, as condições do empréstimo oferecidas ao inadimplente podem ser menos vantajosas. A educadora financeira Aline Soaper diz que a contratação não é recomendável para quem vai pagar as pendências financeiras parcialmente. “Nessas situações, os juros da primeira dívida vão continuar subindo, além do salário de o trabalhador diminuir com os descontos mensais do novo contrato”, alerta.

Nova alta da Selic pode encarecer consignado

Como a taxa básica de juros (Selic) influencia o custo do dinheiro para os bancos, a provável nova alta pode aumentar as taxas de juros do consignado privado. Reinaldo Domingos dá orientações sobre o momento de ideial de recorrer ao consignado: “Se há a possibilidade de contratar o crédito agora, antes de um novo aumento da Selic, o trabalhador pode aproveitar as condições mais favoráveis, mas é preciso consciência e só fazer quando realmente necessário”.

Direito ao arrependimento

Segundo Amanda Cunha, especialista em Direito do Consumidor do escritório Paschoini Advogados, a pessoa pode exercer o direito de arrependimento em até sete dias, desde que informe a desistência pelos canais oficiais do banco. Mas não pode sacar o dinheiro.

Valores menores do que o solicitado

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os bancos podem oferecer menos dinheiro do que o solicitado pelo trabalhador devido aos seus critérios de análise de crédito. “O banco vai dar mais crédito, por exemplo, a quem tem dez anos de trabalho do que a quem tem apenas um na mesma empresa”, esclareceu a pasta por meio de nota.

Bancos oferecem valores diferentes

Segundo o MTE, os bancos podem oferecer valores diferentes para a mesma pessoa também devido à análise de risco. Nessa avaliação, as instituições financeiras podem levar em consideração o valor do salário, o tempo de empresa e o comprometimento de 35% do salário para empréstimo.

Grandes bancos ainda não estão participando

O MTE explicou que a ausência de alguns dos maiores bancos (com exceção da Caixa Econômica Federal) nesse início do programa pode ser atribuída ao fato de estarem realizando testes sobre a operação da nova modalidade de crédito. “Bancos como Nubank, Itaú e Banco do Brasil provavelmente estão analisando, testando o modelo de negócio e avaliando os riscos”, declarou a pasta.

Cadastro positivo faz diferença em favor do trabalhador?

Pessoas com score de crédito (histórico de bom pagador) alto estão recebendo propostas de crédito consignado privado com juros elevados. Questionado se o cadastro positivo não faz diferença nesses casos, o Ministério do Trabalho e Emprego afirmou que o histórico de bom pagador (chamado de score) precisa fazer ser levado na análise do crédito. Por outro lado, a pasta orienta que o trabalhador tenha cautela nesse início: “Estamos no começo. Daqui a pouco os bancos grandes vão começar a oferecer taxas menores. Por isso, estamos sempre falando para não ter pressa”.

 
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