A inclusão e o acesso a terapias especializadas são fundamentais para estimular o desenvolvimento pleno das pessoas neurotípicas, promovendo autonomia e melhor qualidade de vida. Ciente disso, nesta sexta-feira, 21, Dia Mundial da Síndrome de Down, o Instituto de Promoção e de Assistência à Saúde de Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde) destaca o cuidado com os beneficiários com a síndrome, por meio do Centro de Terapias Integradas, que oferece atendimento especializado e suporte multidisciplinar.
O Centro de Terapias Integradas disponibiliza uma infraestrutura moderna com 14 consultórios e uma equipe composta por profissionais das áreas de Neurologia, Psiquiatria, Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Terapia Ocupacional, Psicopedagogia e Neuropedagogia. O atendimento é direcionado a beneficiários com neurodiversidades, com faixa etária de até 13 anos e 11 meses.
Terapia com fono
O trabalho conjunto de profissionais do Centro de Terapias, nas mais diversas áreas da saúde, visa fornecer um atendimento completo e essencial para o desenvolvimento integral das crianças com síndrome de Down, além de acolhimento e respeito. A fonoaudiologia, um dos pilares desse atendimento, desempenha um papel crucial. Johane Medeiros, fonoaudióloga do Centro, explica a importância da terapia.
"Como condição genética, a pessoa que tem síndrome de Down vai apresentar algumas alterações motoras, musculares e atraso de desenvolvimento de forma global. Então, a fonoaudiologia trabalha essas questões do desenvolvimento da linguagem, que tem atraso natural devido à condição genética, e vai agir de forma precoce para que o atraso de linguagem ocorra da menor forma possível”, afirma Johane Medeiros.
A fonoaudióloga destaca como o trabalho precoce é essencial para minimizar os atrasos no desenvolvimento, especialmente na fala e na comunicação. Johane chama atenção que o tratamento deve ser iniciado o quanto antes. "Quanto mais cedo a gente começar, melhor, porque quando pegamos uma criança mais velha, com 2, 3, 5 anos, a musculatura, a boquinha já está mais flácida, fora do padrão ideal”, reforça.
Acolhimento do Ipes
O papel do Ipesaúde é também de acolhimento e apoio às famílias. Virna Costa, mãe do beneficiário Antônio Guilherme Santos Costa, de 10 anos, reforça a importância do Centro de Terapias para o desenvolvimento do filho. Ela relata que, desde o diagnóstico da síndrome de Down, ainda na maternidade, buscou o instituto para iniciar o acompanhamento de seu filho.
"O Ipesaúde para mim é perfeito. Desde o início, ele faz tratamento pelo Ipesaúde. A implantação deste Centro foi maravilhosa. Ter um espaço dedicado às crianças atípicas, no mundinho delas, ficou muito melhor, deu mais comodidade para a gente também, para as mães”, relata. Guilherme realiza terapias como fonoaudiologia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico. "Tudo o que o Guilherme é hoje, eu agradeço a terapia", diz Virna.
Beneficiária do Ipesaúde, Daniela Rocha também compartilha a sua jornada como mãe atípica. Sua filha Diana Sabrinna Ferreira, de 1 ano e 8 meses, tem síndrome de Down e é atendida no Centro de Terapias desde os três meses de idade. Ela descobriu a condição da menina ainda no pré-natal e, desde os primeiros meses após o nascimento, iniciou a estimulação precoce com o apoio de uma equipe multidisciplinar do instituto.
“Descobri que minha filha tinha síndrome de Down na primeira ultrassom morfológica. A gente nunca está preparado para um diagnóstico. Na minha família, ela é o primeiro caso. Nunca teve nenhum caso de criança especial. Fomos orientados, desde o início, a procurar uma equipe multidisciplinar para tratar. Os médicos já informaram a necessidade da terapia por conta da hipotonia. Ela teve estimulação precoce a partir dos 3 meses”, conta Daniela.
Daniela ressalta como as terapias fazem diferença para sua filha. Atualmente, Diana tem atendimento semanal com fonoaudióloga e fisioterapeuta. “A fisioterapia, por exemplo, ajuda muito na questão motora, no desenvolvimento físico. A gente sabe que eles demoram para andar, para ficar mais durinha do que um bebê comum. Então, as terapias ajudam muito. Ajuda a manter o pescocinho mais durinho, a pegarem as coisas, para ter um desenvolvimento semelhante ao de uma criança da idade dela”, declara.
Quebrando barreiras
A beneficiária Virna faz reflexão sobre a evolução do tratamento e da diminuição do preconceito, neste Dia da Síndrome de Down. “Temos pessoas diferentes e temos que respeitar. Apesar de estarmos num mundo em que tudo parece irreal, acredito que as pessoas estão melhorando. Vemos essa mudança de comportamento com relação às pessoas atípicas, coisa que, há alguns séculos, não tínhamos. As crianças eram escondidas. Hoje, já vão à praia, ao shopping. Meu filho frequenta escola. Graças a Deus, até agora, não presenciei nenhum tipo de preconceito com o meu filho. Sei que há pessoas que podem já ter passado por essa experiência, mas eu ainda não”, afirma. Ela também deixa um recado: “Com relação às mães e pais de filhos atípicos, é encarar como se fosse um filho igual a qualquer um, com as suas diferenças, individualidades e ter muita força para lutar. Isso é o que importa”, finaliza.
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