Com estoques cheios, abastecidos mensalmente, a alimentação nas escolas da Rede Pública Municipal de Ensino de Camaçari caminha para uma realidade pautada pela qualidade, diversidade e inclusão. Por meio do trabalho realizado pela equipe de nutricionistas, devidamente acompanhadas pela Secretaria de Educação (Seduc), as opções de cardápios ofertados aos alunos seguem alguns critérios, como a sazonalidade dos ingredientes – priorizando insumos naturais, além da avaliação minuciosa de cada unidade, no que diz respeito ao público-alvo.
Conforme a coordenadora de Alimentação Escolar da Seduc, Alba Beatriz, seguindo o esquema da diversidade alimentar, que pode ser viabilizada através de uma alimentação variada, atrativa e saborosa, além de atividades educativas, as refeições promovidas nas creches municipais ganharam duas novas opções: a quiabada, já introduzida na rotina dos pequenos; e o purê de abóbora, em fase de adaptação. “Priorizamos que o cardápio não seja repetitivo, sendo assim, cada dia é um tipo de comida diferente. Por exemplo, se no almoço de segunda-feira foi servido cortadinho de frango, macarrão, feijão e a salada, que é servida sempre, no outro dia não será a mesma opção. Vai ser, por exemplo, a quiabada que é uma novidade que a gente introduziu no cardápio esse ano, pois antes não tinha essa oferta de alimento. O purê de abóbora também não era ofertado, estamos introduzindo agora, fazendo a etapa de teste”, explicou.
Nesta sexta-feira (14), o cardápio na Creche Municipal Professora Eunice Pereira dos Santos, foi macarrão, feijão, salada de cenoura e carne suína, rica em proteínas, vitaminas e minerais. A unidade, com capacidade para atender cerca de 180 crianças, entre 6 meses e 5 anos de idade, está localizada no bairro Ponto Certo. Por lá, assim como nas creches Linaldo da Silva e Pedro Florentino Bonfim, instaladas no Jardim Limoeiro e em Catu de Abrantes, respectivamente, por conta do funcionamento integral, são oferecidas quatro refeições, caracterizadas em desjejum, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde.
Nas escolas municipais que funcionam em horário parcial, no turno matutino são oferecidos o desjejum e o lanche da manhã, este último, duas vezes na semana com opções mais reforçadas, em formato de “almoço”, e no turno vespertino o lanche da tarde. Nesta sexta-feira, a “hora do lanche” na Escola Municipal Padre Paulo Maria Tonnucci contou com a oferta de cuscuz de milho, com ovo e café com leite.
Os estudantes Hebert Junio dos Santos e Lara Sophia Vieira, ambos de 10 anos, e alunos do 5° ano, destacaram que o momento é também de partilha e interação com os colegas. “Gosto bastante de estar com meus amigos, conversamos sobre várias coisas e, claro, a comida é bem gostosa. Eu amo quando é almoço mesmo, com arroz, feijão e carne. Às vezes, até peço as tias [merendeiras] para repetir, e elas deixam”, contou Lara.
Para Hebert, a sexta-feira foi de comemoração dupla, tendo em vista que a opção do cardápio é a sua predileta. “Hoje quando eu vi que era cuscuz e ovo, chega soltei aquele sorriso, pois eu amo mesmo. Também, igual Lara, sempre peço para repetir. Mas, também gosto da comida, das frutas”, avaliou.
Os alimentos, sobretudo as frutas, legumes e verduras são adquiridos através das cooperativas agrícolas que atuam na cidade e no estado. “A gente adquire esses insumos, em sua maioria, das cooperativas agrícolas do próprio município e também do estado. Fazemos a reposição dos estoques mensalmente, até mesmo das proteínas, que são as carnes, de frango, de porco, moída e de boi, visando sempre uma variedade. Esses alimentos, na forma nutricional, são colocados à disposição das crianças, de acordo com a faixa etária”, sintetiza a coordenadora de Alimentação Escolar da Seduc.
Educação alimentar
Um projeto de educação alimentar, que deverá abranger os pais dos alunos, está presente no planejamento da Seduc. A etapa 1 já entrou em cena. Nas creches, já existe a implantação da redução do consumo de açúcar. O tradicional achocolatado, por exemplo, é feito com chocolate 50% cacau.
“O cuidado das nutricionistas também é formativo. Como temos um quadro novo de merendeiras, existe essa preocupação de qualificar para que elas saibam a quantidade de cada item que podem usar. O sal mesmo, é uma quantidade mínima. Já o açúcar, estamos tirando gradativamente, para que as crianças possam começar a diminuir ou prevenir uma série de possíveis doenças, como a obesidade e a diabetes, por exemplo”, enfatizou.
O lanche trazido de casa é outro ponto que deverá ser abordado no projeto. “É proibida a entrada de lanches trazidos de casa. Na verdade, abrimos uma exceção para crianças que, comprovadamente, apresentam alguma necessidade específica, por exemplo, as que possuem alergias severas, ou mesmo as celíacas, em virtude da contaminação cruzada, mas, sempre com a sugestão de não serem alimentos multiprocessados, ou seja, os famosos salgadinhos, biscoitos recheados, em função da alta concentração de sódio, de gordura e açúcar. Costumo sempre falar que o importante, na maioria das vezes, não é a quantidade, mas a qualidade do alimento. A escola também é responsável por esse processo”, enalteceu Alba Beatriz.
Crianças com necessidades específicas
No caso das crianças especiais, que são aquelas que necessitam de um cardápio alimentar mais restrito, a coordenadora de Alimentação Escolar da Seduc salienta o planejamento voltado a acolher esse público, que chega a cerca de mil alunos.
“Estamos buscando aprimorar a introdução alimentar nas nossas unidades. Por exemplo, para as crianças que têm intolerância à lactose, estamos adquirindo insumos zero lactose para a preparação das refeições. A gente tem, em média, mil alunos com algum tipo de intolerância. Antigamente, a alimentação escolar não fornecia nada especial para esse grupo, a gente começou com esse cuidado agora, esse ano”, pontuou Alba.
Na sequência, ela frisa também os alunos diagnosticados com transtorno do espectro autista (TEA), que, por vezes, podem apresentar preferências restritas, recusa de determinados alimentos ou preferência por apenas um tipo de alimento.
“Fizemos um levantamento prévio nas escolas da quantidade de alunos que passam por alguma questão na alimentação. E aí, se enquadram também os autistas, com a realidade da seletividade alimentar. Tem alguns que gostam de cuscuz, outros já não aceitam tão bem. A tapioca mesmo, o modo de preparo, alguns gostam da forma de cuscuz, mas não comem o mingau, e vice-versa. Por isso, a tamanha importância desse olhar avaliativo, da escuta e da fiscalização das nossas nutricionistas, que possuem autonomia para pontuar a realidade de cada unidade, e as suas reais necessidades. Nosso foco é garantir uma alimentação balanceada e nutritiva, essencial para o desenvolvimento saudável dos estudantes, sem distinções”, finalizou a coordenadora.
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