Em recado a Trump, Lula diz não ter ‘medo de cara feia’ e exige: ‘fale manso comigo’.

Fala de Lula, durante evento da Stellantis em Betim (MG), ocorreu antes de os EUA confirmarem a entrada em vigor da taxa de 25% do aço e alumínio a partir desta 4ª feira (12).

Em meio à guerra comercial promovida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o presidente Lula (PT) criticou o republicano, nesta terça-feira (11), pedindo respeito. “Todo mundo vai ganhar, nós não queremos o Brasil para nós, queremos o Brasil para vocês. Não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado”, disse o petista em recado a Trump.

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Lula discursou na cerimônia de inauguração do centro de desenvolvimento de produtos de mobilidade híbrida-flex no Polo Automotivo Stellantis de Betim. O recado dele a Trump ocorreu antes de o governo norte-americano confirmar a entrada em vigor, a partir desta quarta-feira (12), da taxa de 25% sobre importação do aço e do alumínio comprados do Brasil, país que é o segundo maior exportador de aço ao mercado norte-americano, atrás apenas do Canadá.

Na quinta-feira passada (6), o vice-presidente e ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Geraldo Alckmin, participou de videoconferência com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA (USTR), Jamieson Greer. Ambos os lados concordaram em manter, nos próximos dias, reuniões bilaterais para tratar do tema.

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Durante a conversa, foram destacados os resultados da balança comercial, apresentados os detalhes da política tarifária recíproca e houve convergência quanto aos aspectos positivos da relação entre o Brasil e os Estados Unidos.

O vice-presidente lembrou que Brasil e Estados Unidos têm uma balança comercial de cerca de US$ 80 bilhões, com um superávit de US$ 200 milhões para os norte-americanos.

Além do aço e do alumínio, Trump avisou que vai aumentar as alíquotas de produtos cujo imposto é maior do que o cobrado pelos americanos, como o etanol.

Lula mostra otimismo com a economia brasileira e ‘afaga’ Haddad

No evento, Lula também fez previsões otimistas para a economia brasileira: “Pode ter certeza que a economia brasileira vai continuar crescendo, a gente vai continuar gerando emprego, a inflação vai baixar, nós fizemos a maior política tributária que esse país já viu na História. E todo mundo vai ganhar”, disse.

Também citou que quer deixar a Presidência entregando mais do que prometeu.

“Quero sair da Presidência entregando mais do que eu prometi nas eleições. O Brasil passou a ser um país respeitado. O Brasil não quer ser maior do que ninguém, mas o Brasil não aceita ser menor. Queremos ser iguais. Porque, sendo iguais, a gente aprende a se respeitar mutuamente.

Lula ainda fez um afago ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Meu caro Fernando Haddad, responsável pelos acertos das coisas que estão acontecendo de forma benéfica na economia brasileira”, elogiou.

Trump nega que economia dos EUA esteja em recessão

Donald Trump recuou de suas falas que agitaram os mercados globais na segunda-feira, de que a economia norte-americana estaria em possível recessão.

Em conversa com repórteres na terça-feira, o republicano afirmou que a economia norte-americana não entrará em recessão neste ano e garantiu que “não está preocupado” com as recentes quedas nas bolsas de valores.

No domingo, em entrevista à Fox News, Trump foi questionado sobre a possibilidade de uma recessão no país.

“Detesto prever coisas como essas”, afirmou. “Há um período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande. Estamos trazendo a riqueza de volta para os Estados Unidos. Isso leva algum tempo”, disse Trump na ocasião.

A declaração agitou os mercados na segunda-feira. O Nasdaq, das ações de tecnologia, chegou a cair 4%.

Segundo dados do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), em 2024 as ações representavam 64% do patrimônio financeiro dos americanos. Ou seja, o impacto é considerável na vida do norte-americano.

Canadá e Ucrânia

Sobre o Canadá, que será atingido pela tarifa do aço, Trump afirmou que poderia “recuar nas tarifas de 50% sobre o Canadá”. Porém, acrescentou que “também posso desistir de dobrar as tarifas sobre aço e alumínio do Canadá”.

O republicano sugeriu uma possível união entre os dois países, dizendo: “Se o Canadá virar nosso 51º estado, não terá tarifas”.

Na mesma entrevista de terça-feira, ele também abordou a questão da Ucrânia. Ele se mostrou esperançoso por “um cessar-fogo permanente nos próximos dias” e revelou que planeja conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, “ainda nesta semana”.