Há 3,3 milhões de anos, a humanidade começava sua jornada no período Paleolítico, também conhecido como a era da Pedra Lascada.
Durante esse período, os hominídeos começaram a moldar pedras para criar ferramentas essenciais à sobrevivência. Recentemente, pesquisadores descobriram que os macacos-prego em Montes Claros, Minas Gerais, estão fazendo algo semelhante, levantando questões sobre a evolução humana.
Os macacos-prego de Montes Claros, conhecidos como Sapajus xanthosternos, utilizam pedras de forma curiosa para acessar alimentos. Eles colocam frutos sobre uma pedra maior, chamada “bigorna”, e usam uma pedra menor como “martelo” para quebrá-los. Durante esse processo, formam acidentalmente lascas, o que remete à técnica de fabricação de ferramentas de nossos ancestrais.
O que chama atenção nesta prática é que, diferentemente dos hominídeos, os macacos-prego não criam suas ferramentas de forma intencional. Enquanto chimpanzés e outros primatas já demonstraram habilidades de uso de pedras, a descoberta de Montes Claros desafia o entendimento tradicional sobre a evolução cognitiva dos seres humanos, sugerindo que as primeiras ferramentas humanas também poderiam ter surgido de maneira menos planejada.
A pesquisa sobre os macacos-prego questiona a ideia de que o uso intencional de ferramentas foi um salto cognitivo fundamental na evolução humana. O professor Waldney Pereira Martins sugere que a utilização de ferramentas por nossos ancestrais pode ter sido um processo mais gradual e menos revolucionário do que imaginávamos, destacando a importância de compreender os estágios iniciais da evolução cognitiva.
O estudo dos macacos-prego em Montes Claros e outras regiões, como a Serra da Capivara, promete fornecer insights valiosos sobre a evolução do uso de ferramentas entre primatas. A preservação dessas populações é essencial para podermos entender as diferenças culturais e ambientais que influenciam o uso de ferramentas entre os diferentes grupos de primatas, abrindo novas perspectivas sobre a evolução cognitiva.
À medida que os estudos sobre os macacos-prego avançam, podemos começar a repensar o que sabemos sobre a evolução humana e animal. O comportamento desses primatas pode fornecer pistas importantes sobre o desenvolvimento das capacidades cognitivas, desafiando ideias preconcebidas e enriquecendo o entendimento sobre o papel do uso de ferramentas na história evolutiva.