A mãe de um adolescente autista denunciou o Colégio Antônio Vieira após ter o filho expulso pela instituição. Ao BNews, Andréa, que é mãe de Guilherme relatou a ocorrência que começou após uma situação envolvendo os mediadores do aluno. Matriculado na instituição há seis anos, ele tinha sua condição conhecida, mas não foi respeitado.
“Ele estava jogando no celular e ele tem dois celulares, ele emprestou um celular para a colega que também é especial.
Só que aí ela pediu pra colocar a senha dela no celular, quando ela pediu pra colocar ele deixou e falou pra mediadora dele: ‘Agora você é responsável por esse celular, que eu estou aqui no outro jogando’ e aí a mediadora que já está com ele desde o ano passado disse: ‘Não, a partir de agora você é responsável pelo seu celular e pelo que você emprestou pra ela, porque você já tem dezesseis anos e já tem que ser responsável pelas suas coisas’ e aí ele desorganizou porque ele é literal, os autistas são literais”, conta.
“Ele não entende metáforas, ironias, então você precisa falar com ele de forma direta.Aí ele se desorganizou e começou a correr e falar besteira, xingar… E aí conseguiram conter ele e levar pra sala. Na mesma hora ele conseguiu sair e correr de novo pelo colégio porque ele estava desorganizado”, completa.
Andréa também conta do segundo momento em que deixou o filho ainda mais desorganizado, fazendo com que ele não conseguisse se conter.
“Quando foi o momento em que a sala do nono ano estava entrando em sala e viram ele xingando e começaram a rir. Segundo gatilho, que foi ele completamente desorganizado e os colegas do colégio apontando pra ele e rindo dele. Então assim, o colégio criou toda a desorganização dele e no final expulsa ele como se fosse um trapo velho sem dar nenhum direito de defesa, de nada. Simplesmente chamou a gente pra falar que já estava expulso”, declara.
Ela também conta de uma corda que o filho tinha desde criança e levou para a escola para presentear um amigo. Com a confusão, ele não pôde entregar, e Andréa afirma que o filho ainda foi acusado pela instituição de querer “promover um massacre” usando a corda.
“Ele trouxe essa corda no dia pra dar de presente para o colega que é vaqueiro, e aí não conseguiu nem dar diante dessa confusão, porque na confusão ele foi na mala, pegou a corda e jogou em alguém. A escola até chama de chicote equestre isso aqui, essa corda de uma criança de sete anos”, conta.
Além disso, ela também conta da exigência da escola para dar um desfecho na situação de desorganização de Guilherme.
“A escola queria, exigiu que a gente garantisse que ele não iria nunca mais desorganizar na vida. Eu não posso garantir que eu não vou desorganizar nunca mais, não posso garantir que o diretor do colégio não vai desorganizar nunca mais, imagine meu filho que tem problemas psiquiátricos”, afirma.
O BNews entrou em contato com o Colégio Antônio Vieira que se manifestou por meio de nota. Confira a íntegra.
"O Colégio Antônio Vieira tem, em sua trajetória centenária, um compromisso inegociável com o cuidado e a formação integral de seus alunos.
Como instituição de educação, buscamos sempre promover um ambiente seguro, acolhedor e respeitoso para todos.
Por se tratar de uma situação que envolve menores de idade, o colégio não irá se pronunciar publicamente sobre o caso, que já foi encaminhado às autoridades competentes, preservando a privacidade e a dignidade dos envolvidos.
Seguimos à disposição das famílias e da sociedade para o diálogo, sempre pautados pelos princípios que norteiam nossa missão educacional. Nosso compromisso com a inclusão e o bem-estar de toda a comunidade escolar permanece inabalável", informa.
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