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Na mira de Trump, só 1% do etanol brasileiro é exportado aos EUA.
Na mira de Trump, só 1% do etanol brasileiro é exportado aos EUA.
18/02/2025 06h59
Por: Redação Fonte: Agencia ICL Noticias

Na mira de Trump, só 1% do etanol brasileiro é exportado aos EUA.

 

Setor avalia que impacto das medidas do presidente dos EUA é pequeno

Citado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o anúncio das tarifas recíprocas sobre produtos importados pelos EUA, a maior parte da produção de etanol no Brasil é voltada para o mercado interno. Somente 7% da produção é exportada. Desse percentual, 1% vai para o mercado estadunidense.

Os dados são da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) e se referem à safra de 2023/2024.

De acordo com os dados, publicados pelo site g1, o Brasil produziu aproximadamente 33,6 milhões de metros cúbicos de etanol naquele período. Desse total, 2,5 milhões de metros cúbicos foram exportados para outros países, entre eles os Estados Unidos, que receberam 444,9 mil metros cúbicos de etanol produzido de cana-de-açúcar, ou 1% da produção brasileira.

Na quinta-feira passada (13), Trump assinou a ordem de implementação de tarifas recíprocas, mirando países que, segundo o governo americano, taxam excessivamente produtos dos EUA. Entre os itens citados por ele, está o etanol brasileiro, produzido com cana-de-açúcar. Contudo, as tarifas recíprocas vão valer apenas a partir de abril, o que abre espaço para negociações.

“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, diz trecho do texto divulgado pela Casa Branca.

Impacto das tarifas dos EUA é pequeno para o etanol brasileiro

Embora o anúncio de Trump tenha agradado os produtores de etanol estadunidenses, o impacto de medida deve ser pequeno por aqui.

Em entrevista à GloboNews na quinta-feira feira passada, o presidente da Unica, Evandro Gussi, afirmou que não vê impactos no mercado. “A gente não vê nesses volumes americanos uma relevância, não dá para dizer que isso vá, de alguma maneira, alterar mercados de etanol e tampouco de açúcar em si […]. Não dá para a gente dizer ou mensurar nesse momento impactos dessa ordem”, disse.

Na lista de importadores do etanol brasileiro estão: Coreia do Sul (33,3%), Estados Unidos (17,4%), Holanda (15,9%), Filipinas (6,2%), Nigéria (5,8%) e Índia (4,9%).

Trump vem reclamando que o governo brasileiro impõe barreiras para a entrada do etanol dos EUA (fabricado a partir do milho) no Brasil, enquanto o equivalente brasileiro ingressa basicamente sem tarifas no mercado americano. A balança comercial entre os dois países é superavitária em favor dos EUA, ou seja, o Brasil compra mais do que exporta para lá.

Em relação às negociações, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse que os estudos sobre a balança comercial dos EUA com os países devem estar prontos até 1º de abril. As tarifas seriam impostas ao longo das próximas semanas, abrindo uma janela, portanto, para negociações.

Outro estudo, feito pelo BTG Pactual, corrobora com o que foi apresentado pela Unica. O relatório mostra que o Brasil exporta cerca de 6% apenas da sua produção de etanol, de cerca de 35 bilhões de litros por ano, e exporta menos de 1% para os EUA, cerca de 300 milhões de litros.

O relatório mostra ainda que o Brasil importou 109 milhões de etanol de milho dos EUA no ano passado, e que a importação não é vantajosa, com o produto chegando no Brasil com valores finais por litro acima do produzido no país.