Mais de 14 blocos estão confirmados para desfilar no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico, em Salvador, antes do início do Carnaval. No entanto, a programação está gerando uma polêmica entre moradores, comerciantes e os organizadores de eventos. De um lado, os foliões celebram a animação das ruas, do outro, uma parte da comunidade local critica o grande número de festas e alegam que os festejos causam transtornos e impactos na rotina do bairro histórico.
A equipe do BNews conversou com comerciantes para saber quais são os principais desafios durante os eventos no bairro. Wilson Alves, vendedor há 15 anos no bairro, elogia a organização das festas. Apesar de defender os festejos no bairro, o ambulante exerga alguns desafios que podem acontecer.
“As festas que tem aqui, são todas organizadas. Os órgãos públicos estão todos cientes. Ninguém faz nada aqui sem que a Prefeitura e os outros órgãos sejam comunicados. As festas são autorizadas. É claro que existe alguns contratempos, pode ser que alguma coisa possa acontecer, mas os órgãos cada ano que passa estão fazendo com que as festas, principalmente, o Carnaval sejam organizadas, então não vejo nada demais essa política, essa situação de intervir", opinou.
"Antes o bairro era um pouco violento, aqui já teve assassinato, porque não tinha movimentação, agora que está tendo movimentação, policiamento em cima, a Prefeitura, o Governo do Estado todo mundo trabalhando em conjunto e não sei porque esse problema de festa”, continuou.
Lorine Lopes, proprietária do Bar e Restaurante Ulisses, relata que o maior desafio tem sido adaptar-se às exigências dos órgãos fiscalizadores.
“A grande dificuldade que os bares e restaurantes estão tendo aqui no Santo Antônio, por conta dos eventos, e também do Carnaval são as grandes restrições que a gente acaba tendo. Entendemos sobre a questão da segurança, das regras que são impostas pra gente. A gente entende que é pra proporcionar um ambiente mais seguro e vários outros critérios, mas são restrições que a gente tem conversado bastante e as regras estão sendo bastante rígidas”, relatou.
A empresária destaca que o bairro está com maior policiamento, no entanto, o local só dispõe de uma entrada e uma saída para veículos e pessoas. Segundo ela, esse fator prejudica o deslocamento de moradores para as suas residências. Além disso, os comerciantes têm o acesso de clientes a seus estabelecimentos dificultado.
“Isso gera também cancelamento de reservas, baixo fluxo de movimento, impacto, realmente, no faturamento, então a gente não contrata esse período, porque a gente já tem uma equipe completa para atender essa demanda de público, mas a gente sente a queda, porque as pessoas vem aqui pra rua mesmo, fica aqui no Carnaval e quando a gente vai ver a questão de movimento dentro do estabelecimento mais uma vez chega a ficar difícil”, reclamou.
Jota Moraes, proprietário do Restaurante Casa de Farinha, disse que os empregos do estabelecimento beneficiam diretamente cerca de 450 a 500 famílias, por isso, ele destaca a importância do planejamento das festas no Santo Antônio.
Ele ressalta que um evento que aconteceu, recentemente, fechou o trânsito no bairro numa sexta, sábado e domingo. De acordo com ele, por causa disso, meio milhão de reais foi o valor estimado de prejuízo que os comerciantes amargaram. O empresário lembra também a importância de definir horários para encerramento dos festejos, por conta do barulho e poluição sonora.
“Quando os eventos são planejados, eles funcionam muito bem. Planejamento que eu digo é quando tem ordenação do trânsito, quando tem higienização das ruas. Então a gente tem essa preocupação, principalmente, por ser após alguns grandes eventos ou durante eles o trânsito fica inviável, alguns deles fecham as ruas sem nenhum tipo de necessidade, o que compromete a circulação do morador no seu ir e vir para chegar em suas casas e também dos clientes que frequentam os estabelecimentos comerciais", opinou.