A inflação negativa se intensificou na China em maio, com o índice de preços ao consumidor registrando queda de 0,1% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo a Reuters, analistas atribuem o recuo à superoferta de bens e à demanda doméstica enfraquecida, fatores que desencadearam disputas de preços em setores como automóveis, comércio eletrônico e cafés.
A desaceleração econômica, somada à crise imobiliária, levou consumidores a reduzir gastos e buscar opções mais baratas. Esse movimento favoreceu a expansão do mercado de artigos de luxo de segunda mão, que cresceu mais de 20% em 2023.
Porém, a oferta crescente desses produtos levou a abatimentos inéditos: lojas especializadas passaram a aplicar descontos de até 90%, bem acima da faixa de 30% a 40% observada anteriormente.
Economistas observam que a estratégia de cortar preços em cadeia tende a se esgotar. A avaliação é de que a rentabilidade das empresas está em queda e o risco de fechamento de lojas e demissões aumenta, o que pode intensificar a pressão deflacionária.
O número de vendedores de itens de luxo usados cresce cerca de 20% ao ano, enquanto a base de compradores permanece estável, concentrando a concorrência e levando mais estabelecimentos a praticar promoções agressivas.
Em cidades menores, onde o poder de compra é menor e a competição entre revendedores se acirrou, especialistas projetam o encerramento da maioria das lojas abertas recentemente.
A renda da classe média, segundo estudos de mercado, recuou significativamente, impactando diretamente os padrões de consumo e reforçando a busca por alternativas de baixo custo.
Além dos fatores internos, tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses adicionam pressão às exportações e dificultam a recuperação da demanda interna. Analistas apontam que, sem novos estímulos ao consumo ou ajustes de capacidade no varejo, a tendência de deflação deve continuar nos próximos meses.
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