Segundo a Fundação Santa Fé de Bogotá, o parlamentar foi submetido a um procedimento neurocirúrgico e vascular e permanece em estado crítico na UTI. Em declaração à imprensa, a esposa do senador, Maria Claudia Tarazona, afirmou que “cada hora é crítica”, embora a cirurgia inicial tenha sido considerada bem-sucedida.
Também nesta segunda-feira, o governo da Colômbia ofereceu uma recompensa de US$ 729 mil (cerca de R$ 4 milhões) pelos mandantes do atentado contra o senador.
Adolescente é detido
O ataque ocorreu durante um evento em um parque do bairro Fontibón. Segundo testemunhas, homens armados atiraram pelas costas do político. Um adolescente de 15 anos foi detido no local com uma arma de fogo, segundo a Procuradoria-Geral da Colômbia. Outras duas pessoas também ficaram feridas.
Apoiadores do senador tomaram as ruas de Bogotá em protesto e vigília. Nas redes sociais, imagens de Uribe ensanguentado sendo socorrido por eleitores viralizaram.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, determinou a abertura de investigações. Em nota oficial, o governo classificou o ataque como um atentado contra a democracia e contra a liberdade de pensamento. “Um ato de violência inaceitável”, escreveu o partido Centro Democrático, ao qual Uribe é filiado.
Condenação internacional
O atentado repercutiu fora da Colômbia. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, condenou o episódio “nos termos mais firmes” e expressou confiança na apuração do caso pelas autoridades colombianas.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também se manifestou, classificando o ataque como “tentativa de assassinato”.
Histórico marcado pela violência
Senador mais votado nas eleições legislativas de 2022, Miguel Uribe é visto como uma das principais lideranças da direita colombiana e pré-candidato competitivo para a presidência em 2026. Filiado ao partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (sem parentesco), Miguel é neto do ex-presidente Julio César Turbay (1978–1982).
Sua trajetória política é profundamente marcada pela violência do narcotráfico no país. Filho da jornalista Diana Turbay, sequestrada e morta em 1991 por agentes do Cartel de Medellín ligados a Pablo Escobar, Miguel tinha apenas cinco anos na época. O caso foi retratado por Gabriel García Márquez no livro Notícias de um Sequestro.
Com o atentado, a Colômbia revive traumas de sua história recente: em 1989, o candidato Luis Carlos Galán foi assassinado; em 1990, Bernardo Jaramillo Ossa e Carlos Pizarro Leongómez também foram mortos em atentados. O ex-presidente Álvaro Uribe escapou de várias tentativas de assassinato.
Enquanto o país aguarda novas atualizações sobre o estado de saúde de Miguel Uribe, o atentado reforça o alerta sobre os riscos que rondam o processo democrático na América Latina — onde campanhas eleitorais, muitas vezes, seguem cercadas por ameaças e violência.