Segundo os organizadores, o barco zarpou da Sicília, na Itália, no dia 1º de junho, com destino a Gaza. A coalizão afirma que a missão buscava denunciar a escassez de alimentos no território palestino, agravada após os conflitos deflagrados com os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Já o Ministério da Defesa de Israel classifica o movimento como provocação política. O ministro Israel Katz chamou a embarcação de “flotilha do ódio” e autorizou ação militar para impedir a chegada ao enclave.
O que é a Flotilha da Liberdade
Criada em 2010, a Coalizão Flotilha da Liberdade é formada por ativistas e organizações civis de diversos países que se opõem ao bloqueio marítimo imposto por Israel à Faixa de Gaza.
A coalizão atua de maneira independente, sem vínculo com partidos, facções ou governos, e busca chamar atenção internacional para o que considera uma crise humanitária prolongada no enclave palestino.
As missões organizadas pela flotilha geralmente envolvem pequenas embarcações carregadas com ajuda humanitária simbólica, como medicamentos, alimentos e suprimentos infantis. Mais do que a entrega material, os ativistas dizem que o objetivo é denunciar o bloqueio como uma violação do direito internacional e pressionar governos e organismos multilaterais a intervir.
O nome da embarcação detida nesta semana, Madleen, homenageia a única mulher pescadora de Gaza, representando o papel das mulheres palestinas na resistência cotidiana às restrições impostas pelo cerco.
Quem são os ativistas detidos
Greta Thunberg, 22, ficou conhecida mundialmente por sua militância ambiental. Desde 2018, lidera o movimento “Sextas-Feiras pelo Futuro”, que mobilizou milhões de jovens em protestos contra a crise climática. Ela já foi detida outras vezes em ações de desobediência civil por causas ambientais.
Já o brasileiro Thiago Ávila, 37, é membro da Coalizão da Flotilha e já participou de outras missões humanitárias, como uma recente viagem a Cuba em 2024. Em vídeo publicado antes da interceptação, Ávila afirmou que poderia ser “preso ou sequestrado por Israel” durante a travessia. Em suas redes sociais, ele vinha documentando a jornada no barco Madleen.
A bordo também estavam ativistas da França, Alemanha, Holanda, Espanha, Suécia e Turquia.
Interceptação e resposta de Israel
Israel informou que o barco foi conduzido em segurança à cidade portuária de Ashdod, onde os passageiros seriam repatriados. A imprensa local noticiou que vídeos dos ataques do Hamas seriam exibidos aos ativistas, numa tentativa de contextualizar a posição israelense sobre o bloqueio.
Nas redes sociais, o governo de Israel compartilhou imagens dos ativistas recebendo água e comida, ironizando o barco como um “iate de celebridades para selfies”.
Ajuda simbólica e acusação de ilegalidade
A Flotilha da Liberdade afirmou que a carga transportada era “simbólica”, contendo itens como arroz e leite em pó para bebês. Para o grupo, o objetivo era chamar atenção para o colapso humanitário em Gaza. O bloqueio naval imposto por Israel há 17 anos é considerado ilegal pelos organizadores, que classificam a intercepção como uso desproporcional da força contra civis.
“Não seremos intimidados. O mundo está observando”, afirmou Hay Sha Wiya, porta-voz da coalizão. A organização diz atuar de forma apartidária, com base em solidariedade internacional e apoio da sociedade civil.
Israel, por sua vez, sustenta que o bloqueio visa impedir o envio de armas ao Hamas e é uma medida essencial para sua segurança nacional, sobretudo após os ataques que deixaram 1.200 mortos e mais de 250 sequestrados no ano passado.