Em viagem à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que foram aprofundados os 20 acordos bilaterais do Plano de Ação de Parceria Estratégica Brasil-França nesta manhã de sábado (7) em Paris. Ao todo, quinze grandes empresários franceses que têm negócios no Brasil em setores variados se comprometeram a investir R$ 100 bilhões no país nos próximos anos.
A projeção foi compartilhada pelo presidente de Apex Brasil, Jorge Viana, na tarde desta sexta-feira (6), durante o encerramento do Fórum Empresarial Brasil – França, em Paris.
O presidente brasileiro acrescentou que o trabalho dele é abrir o diálogo entre os empresários brasileiros e estrangeiros para ampliar os negócios. “O papel do presidente é abrir a porta e dizer para os caras: ‘olha, está aqui as possibilidades, nós produzimos isso, nós oferecemos isso, o que você tem para nos oferecer?’, e fazer negócio. E foi isso que eu fiz aqui na França”, completou.
Após as conversas, Lula ressaltou a importância das viagens internacionais para atrair investimentos ao Brasil em coletiva. “Se a gente somar os investimentos que nós conseguimos na China, se a gente somar os investimentos que nós conseguimos no Japão, nós vamos perceber que nós estamos fazendo aquilo que todo e qualquer presidente da República precisaria fazer pelo Brasil”, afirmou.
A França é a terceira maior origem de investimentos diretos no Brasil. São US$ 66,34 bilhões em estoque. Segundo o Planalto, a estimativa é de que mais de mil empresas francesas atuem no Brasil, com responsabilidade direta pela geração de 500 mil postos de trabalho.
Lula está na França, na primeira viagem de um chefe de Estado ao país em 13 anos.
A Business France e a ApexBrasil firmaram um acordo para ampliar investimentos bilaterais entre os países, em parceria que prioriza setores como bioeconomia, saúde, tecnologia e transição energética.
Em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, Benoit Trivulce, diretor da Business France, afirmou que a iniciativa busca atrair mais empresas francesas ao Brasil e incentivar negócios brasileiros na França.
Entre as ações, destaca-se um fórum sobre transição energética, marcado para 4 de novembro, no Rio de Janeiro, ligado à COP30. Hoje, a Business France acompanha mais de 400 empresas interessadas no Brasil e já soma 1,3 mil companhias francesas atuando no país.
Outro projeto discutido entre Lula e o presidente da França, Emmanuel Macron, é o de cooperação para produção de helicópteros na fábrica da empresa brasileira Helibrás, em Itajubá (MG). O ministro das relações exteriores, Mauro Vieira, comentou a iniciativa de usar a planta do Brasil.
“[Os] helicópteros que poderão servir às polícias estaduais, aos governos estaduais, poderão ser empregados pelas agências de saúde e também com objetivos de defesa e controle do meio ambiente. As instalações de Itajubá poderão ser também utilizadas para futuras exportações para outros países da região que tenham interesse”, explicou.
Brasil e França assinaram ainda, na atual viagem, acordos bilaterais de cooperação para o desenvolvimento de vacinas e produtos laboratoriais, envolvendo a Fiocruz e instituições francesas, como o Instituto Pasteur.
Sobre o acordo do Mercosul com a União Europeia (UE), Lula questionou a tese de que a agricultura francesa seria prejudicada pelo agronegócio brasileiro. Para o presidente, a afirmação não está correta porque existem cotas para exportação de produtos brasileiros.
“Se eles cumprissem a cota, no máximo, os franceses iriam comer dois hambúrgueres [de carne importada do Brasil], em média, por ano. É nada”, disse o presidente, acrescentando que sugeriu ao presidente Macron que os agricultores brasileiros e franceses se reunissem para discutir o assunto.
“Longe de mim querer prejudicar o pequeno agricultor francês. Eu não quero que a gente pare de comparar vinho da França, embora a gente produza vinho”, acrescentou Lula, destacando que a política comercial é uma via mão dupla.
O presidente lembrou ainda que a UE tem 27 países e que o acordo tem que ser coletivo, apesar da resistência francesa. “Eu acho que o Parlamento Europeu aprova o acordo, independentemente de a França querer ou não, porque a França já deu procuração”, finalizou.
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