No entanto, a iniciativa enfrentará um caminho difícil, já que o presidente não tem maioria no Parlamento, onde a oposição é contra a expansão do direito ao aborto.
O governo do Chile enviou nesta quarta-feira (28) um projeto de lei ao Congresso para legalizar o aborto até as 14 semanas de gestação. Essa foi uma das principais promessas que o presidente Gabriel Boric fez durante sua campanha em 2022. No país, o aborto é permitido desde 2017 apenas por três motivos: risco à vida da mãe, inviabilidade do feto e estupro.
— Trinta e seis anos depois de o aborto terapêutico ter sido proibido em nosso país por decreto ditatorial, hoje vamos abrir a discussão no Congresso — anunciou a ministra da Mulher, Antonia Orellana, referindo-se a uma das últimas medidas tomadas pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) antes de entregar o poder a um governo democrático.
O projeto de lei, que será debatido no Legislativo, foi apresentado um ano depois de Boric anunciar sua intenção de descriminalizar o aborto durante sua apresentação ao Congresso. No entanto, a iniciativa enfrentará um caminho difícil, já que o presidente não tem maioria no Parlamento, onde a oposição é contra a expansão do direito ao aborto.
A ministra Orellana reconheceu que seria "ingênuo" acreditar que o projeto de lei concluiria sua discussão durante o governo Boric, que termina em março de 2026.
A descriminalização do aborto em todas as suas formas é uma reivindicação de longa data de grupos feministas no Chile e que conta com o apoio do presidente. Segundo o Ministério da Saúde, o Chile registra quatro mortes por ano devido a abortos clandestinos.
De acordo com o Centro de Estudos Públicos, 34% da população chilena acredita que o aborto deve ser uma opção para as mulheres em todos os casos. Enquanto 50% acredita que ele deve ser permitido apenas em casos especiais.
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