A ONU e outras organizações rejeitaram o novo sistema, alegando que ele não será capaz de atender às necessidades dos 2,3 milhões de habitantes do território e permite que Israel use os alimentos como arma para controlar a população e forçar seu deslocamento. Eles também alertaram para o risco de atrito entre tropas e população.
Bloqueio
Os palestinos estão desesperados por comida depois de quase três meses de bloqueio israelense que levou Gaza à beira da fome. Testemunhas disseram que um pequeno grupo se dirigiu ontem ao centro da GHF e recebeu caixas com alimentos da cesta básica, incluindo açúcar, farinha, macarrão e tahine. À medida que a notícia se espalhou, um grande número de homens, mulheres e crianças correu para o local.
À tarde, centenas de milhares de palestinos já estavam concentrados no centro de distribuição. Vídeos mostram a multidão afunilada em longas filas em passagens de cercas de arame. Testemunhas disseram que cada um foi revistado e teve seu rosto escaneado para identificação antes de receber as caixas.
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Logo, a multidão aumentou e o tumulto começou, com gente derrubando a cerca e pegando caixas. Os funcionários do local foram forçados a fugir, segundo testemunhas. “Não houve ordem, todo mundo correu para pegar comida. Houve tiros e nós fugimos”, disse Hosni Abu Amra, que aguardava ajuda. “Fugimos sem levar nada que nos ajudasse a superar essa fome.”
Protocolo
Em comunicado, a GHF afirmou que, devido ao grande número de palestinos, a equipe seguiu seus protocolos de segurança e “recuou”, retomando as operações posteriormente. Um porta-voz do grupo disse que nenhum tiro foi disparado pela organização.
A GHF utiliza empreiteiros privados armados para proteger os centros e o transporte de suprimentos. O local fica estrategicamente próximo de posições militares israelenses no Corredor Morag, uma faixa que atravessa o território e isola Rafah do restante da Faixa de Gaza.
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O grupo de ajuda humanitária montou quatro centros de distribuição, dois dos quais começaram a operar na segunda-feira, 26 – ambos na região de Rafah. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, comentou sobre a turbulência no local. “Houve uma perda de controle momentânea. Felizmente, conseguimos controlar tudo”, afirmou o premiê.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.