A Coreia do Norte criticou o plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de criar um escudo antimísseis chamado “Cúpula Dourada”, classificando-o como uma ameaça “muito perigosa” que visa militarizar o espaço, informou a mídia estatal norte-coreana nesta terça-feira (26).
O ministério das Relações Exteriores de Pyongyang emitiu um memorando chamando o sistema de “uma ‘iniciativa ameaçadora’ muito perigosa, destinada a ameaçar a segurança estratégica dos estados com armas nucleares”, disse a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA).
Trump anunciou novos detalhes e o financiamento inicial para o sistema de escudo antimísseis na semana passada, chamando-o de “muito importante para o sucesso e até mesmo para a sobrevivência do nosso país”. De acordo com analistas, a iniciativa enfrenta desafios técnicos e políticos significativos e pode ter um custo elevado.
Trump mencionou os planos de construir uma “Cúpula Dourada” para proteção dos EUA contra mísseis. O nome é inspirado no “Domo de Ferro” de Israel, famoso justamente por essa metodologia de defesa. Entretanto, especialistas disseram na ocasião que tal projeto não poderia cobrir todo o território dos EUA.
O anúncio de Trump menciona o valor de US$ 175 bilhões (R$ 991,9bilhões) para a construção do seu sistema de defesa antiaérea, que deve começar a operar em 2029, mas o escritório responsável pelo orçamento governamental (CBO) estima que, ao longo de 20 anos, o custo de manutenção desse projeto pode passar de US$ 880 bilhões (quase R$ 5 trilhões).
O memorando da Coreia do Norte, que possui armas nucleares, acusou os Estados Unidos de estarem “obcecados em militarizar o espaço sideral”, segundo a KCNA.
“O plano dos EUA para construir um novo sistema de defesa antimísseis é a causa raiz que desencadeia uma corrida armamentista nuclear e espacial global, estimulando as preocupações de segurança dos estados com armas nucleares e transformando o espaço em um potencial campo de guerra nuclear”, acrescentou a estatal.
Washington — principal aliado de segurança de Seul — aumentou nos últimos anos os exercícios militares conjuntos e a presença de ativos estratégicos dos EUA, como um porta-aviões e um submarino nuclear, na região para dissuadir o Norte.
Pyongyang declarou repetidamente ser um estado nuclear “irreversível” e denuncia rotineiramente os exercícios conjuntos entre EUA e Coreia do Sul como ensaios para uma invasão.
A China também expressou fortes preocupações sobre o plano da Cúpula Dourada de Washington, acusando os Estados Unidos de minar a estabilidade global.
Pequim está se aproximando de Washington em termos de tecnologia de mísseis balísticos e hipersônicos, enquanto Moscou está modernizando seus sistemas de mísseis de alcance intercontinental e desenvolvendo mísseis de ataque de precisão avançada, de acordo com uma revisão do Pentágono de 2022.
O Kremlin afirmou que a iniciativa de Trump exigiria consultas com a Rússia, mas que, de outra forma, seria uma “questão soberana” dos Estados Unidos, suavizando seu tom após anteriormente também criticar a ideia como desestabilizadora.
O nome Cúpula Dourada do plano vem do sistema de defesa aérea Domo de Ferro de Israel, que interceptou milhares de foguetes de curto alcance e outros projéteis desde que entrou em operação em 2011.
Os Estados Unidos enfrentam várias ameaças de mísseis de adversários, mas estas diferem significativamente das armas de curto alcance que o Domo de Ferro de Israel é projetado para combater.
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