O impasse gira em torno de dois pontos principais: o limite para a dedução de impostos estaduais e locais (SALT), que moderados querem elevar de US$ 30 mil para US$ 40 mil; e as exigências do grupo mais à direita por cortes mais rápidos no Medicaid e o fim de incentivos à energia limpa.
Segundo fontes próximas às negociações, um acordo chegou a ser esboçado com a Casa Branca durante a madrugada, mas foi rejeitado pelo gabinete do presidente da Câmara, Mike Johnson. Com apenas três votos de folga entre os republicanos – e a oposição dos democratas -, Johnson precisa de quase unanimidade interna para aprovar o texto.
Outro ponto polêmico é a proposta de endurecer os critérios de acesso ao Medicaid, exigindo que a maioria dos adultos sem filhos e sem deficiência comprove 80 horas de trabalho por mês.
Para o CBO, essa mudança pode cortar a cobertura de saúde de ao menos 8,6 milhões de pessoas até 2034 – principalmente trabalhadores informais, imigrantes e adultos em situação de vulnerabilidade. Já os democratas acusam o projeto de ser uma redistribuição às avessas: cortes em benefícios para financiar isenções para os mais ricos. A análise do CBO mostra que os 10% mais ricos seriam os maiores beneficiados.
A tensão aumentou durante a madrugada na reunião do Comitê de Regras, que começou à 1h da manhã. Parlamentares reclamaram do horário e da falta de transparência. “Por que não debater este projeto em horário nobre, quando a maioria dos americanos pode assistir?”, questionou o democrata Jim McGovern.
Apesar das divergências, Johnson afirmou que pretende votar o pacote até o fim desta semana.