Doação de Boeing 747 a Trump ocorre em meio a acordos bilionários com os EUA e provocou reação de parlamentares democratas.
O primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, negou nesta terça-feira (20) que a oferta de um jato Boeing 747-8 avaliado em US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) ao presidente Donald Trump tenha como objetivo comprar influência junto ao governo dos Estados Unidos.
A declaração foi feita durante o Fórum Econômico do Catar, em Doha. Segundo o premiê, o gesto representa uma prática normal entre nações aliadas. “Vejo isso como algo normal que acontece entre aliados”, afirmou. Ele também criticou a percepção de que o Catar utilizaria sua riqueza para conquistar espaço político internacional: “Precisamos superar esse estereótipo de que o Catar, por ser rico em gás, só consegue se posicionar usando dinheiro”.
A doação do avião foi anunciada pouco antes da visita de Trump ao Golfo, ocasião em que o presidente destacou investimentos de centenas de bilhões de dólares vindos de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e do próprio Catar. Entre os anúncios, está a intenção do país de adquirir até 210 aeronaves da Boeing — o que Trump classificou como o maior pedido da história da fabricante.
O próprio Trump defendeu a aceitação do jato como um “grande gesto”. Em resposta às críticas de congressistas democratas, que classificaram a medida como “corrupção escancarada”, o ex-presidente afirmou: “Eu apreciaria muito. Nunca seria alguém que recusaria esse tipo de oferta. Quero dizer, eu poderia ser estúpido e dizer ‘não, não queremos um avião grátis e muito caro’.”
Sheikh Mohammed disse ainda que os Estados Unidos têm uma necessidade temporária de substituir o Air Force One atual e que o Catar está disposto a colaborar com isso, destacando que vários países já ofereceram presentes significativos aos EUA no passado.
(com Financial Times)