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Após agressões no quartel, soldado de 19 anos perde movimento das pernas.
Após agressões no quartel, soldado de 19 anos perde movimento das pernas.
26/04/2025 19h06 Atualizada há 23 horas
Por: Redação Fonte: Agência Metropoles

Após agressões no quartel, soldado de 19 anos perde movimento das pernas.

 

Militar do Exército Brasileiro, cujo sonho de infância era ingressar na corporação, sofreu torturas e agressões extremas depois de um fato banal.

O jovem Valdir de Oliveira Franco Filho, de 19 anos, denuncia ter sido vítima de agressões em um quartel do Exército em Barueri, na Grande São Paulo. Segundo seu relato, a violência resultou na perda dos movimentos das pernas. Um mês e meio depois do episódio, Valdir continua vomitando sangue. A data do ocorrido foi registrada como 10 de março. As informações são do portal Metrópoles.

Diagnóstico médico revela lesão grave

De acordo com exames médicos realizados em 14 de abril, Valdir foi diagnosticado com sacralização da vértebra L5 — uma condição em que ocorre fusão parcial ou total entre a última vértebra lombar e o sacro, formando um único osso. Essa anomalia, frequentemente associada a traumatismos e lesões, pode causar dores lombares e alterações na mecânica da coluna.

“Desde pequeno, meu sonho era ser mecânico do Exército. Esse sonho foi destruído. O que eu mais queria era trabalhar como mecânico no Exército, mas eles conseguiram acabar com isso”, disse Valdir ao Metrópoles.

Jovem aguarda por tratamento adequado

A vítima ainda espera pelo tratamento médico necessário para tentar recuperar os movimentos das pernas. Segundo ele, médicos militares prometeram procurá-lo para iniciar o processo de recuperação, mas até o momento não houve retorno.

Ele considera a demora no atendimento mais uma demonstração do descaso das Forças Armadas. "Se isso acontece com quem está aparecendo na televisão, imagine com quem não tem visibilidade”, disse.

Como aconteceram as agressões

O militar contou à polícia que, desde a formatura no Arsenal de Guerra de São Paulo, vinha sendo alvo de agressões verbais e psicológicas. No dia 10 de março, após relatar o extravio de uma fivela do uniforme, foi conduzido a uma sala escura e vazia onde sofreu agressões físicas enquanto era forçado a realizar flexões de braço.

Durante o treinamento físico ainda naquele dia, Valdir sentiu gosto de sangue, mas foi orientado a continuar os exercícios, o que agravou suas dores, especialmente de cabeça. À noite, foi mantido trancado em seu alojamento. No dia seguinte, novas atividades físicas intensificaram seu quadro clínico, levando-o ao Hospital do Serviço de Assistência Médica de Barueri, o Sameb, em Barueri, sem que parentes recebessem qualquer comunicado em relação à situação.

Após retornar ao quartel, foi obrigado a jantar rapidamente, vomitando toda a comida e, posteriormente, sangue, que teria sido em grandes quantidades. Levado outra vez ao Hospital Sameb, recebeu alta com recomendação de três dias de repouso, ordem que não teria sido respeitada pelo Exército.

Em 12 de março, foi levado ao Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), onde permaneceu internado por 18 dias. Durante a internação, já apresentava sinais de perda dos movimentos das pernas, mas foi liberado sob a justificativa de risco de infecção hospitalar.

O boletim de ocorrência registrado no 1º Distrito Policial de Barueri destaca que todos os exames apontaram a ausência de doenças preexistentes, sugerindo que os problemas de saúde de Valdir derivam diretamente das agressões sofridas.

Posição do Exército Brasileiro

Em comunicação oficial, o Exército informou que Valdir apresentou um quadro de mal-estar em 12 de março, sendo encaminhado ao Posto Médico do Arsenal de Guerra de São Paulo e, em seguida, ao Hospital Sameb. Após receber alta médica, retornou à unidade militar.

No dia seguinte, 13 de março, o agravamento dos sintomas motivou sua remoção ao Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), onde permaneceu internado até 21 de março. Desde então, segundo o Exército, o soldado encontra-se em recuperação domiciliar, conforme orientação médica.

A instituição afirma que, desde a identificação do problema de saúde, vem prestando toda a assistência necessária ao militar. Além disso, informou a instauração de uma sindicância em 17 de abril de 2025 para apurar os fatos, ressaltando que, até o momento, não foram encontrados indícios de crime dentro da organização militar.

"O Exército Brasileiro reafirma seu compromisso com o cumprimento rigoroso dos preceitos legais, dos princípios éticos e dos valores morais que orientam a conduta de seus integrantes", conclui a nota.