Sete instituições dos EUA foram autorizadas a pegar emprestadas amostras que a China recuperou da Lua em 2020.
A agência espacial nacional da China anunciou nesta quinta-feira (24) que permitiria que cientistas dos Estados Unidos e de países aliados analisassem as rochas recuperadas da lua, a mais recente medida de Pequim para aumentar a influência internacional de seu programa de exploração lunar.
O anúncio destaca como a cooperação entre os EUA e a China em algumas áreas, como a espacial, não terminou completamente, apesar das tensões entre os dois países sobre geopolítica e tarifas.
Duas universidades norte-americanas que recebem financiamento da Nasa, a Brown University e a State University of New York em Stony Brook, estão entre as sete instituições que foram autorizadas a pegar emprestadas amostras lunares que a China recuperou da Lua em 2020.
As demais instituições autorizadas são do Japão, França, Alemanha, Reino Unido e Paquistão.
Com sua missão não tripulada Chang’e-5 em 2020, a China se tornou apenas o terceiro país a coletar rochas da superfície lunar, juntando-se à União Soviética e aos Estados Unidos, que foram à Lua pela última vez e coletaram amostras em 1972.
A subsequente missão não tripulada Chang’e-6 da China, concluída em junho do ano passado, tornou o país o primeiro a trazer de volta rochas do lado da lua voltado para a Terra.
A cooperação entre os EUA e a China no espaço há muito tempo tem sido impedida por uma lei norte-americana de 2011 que busca garantir que as tecnologias americanas fiquem fora das mãos dos militares chineses. De acordo com a lei, a Nasa deve trabalhar com o FBI para certificar ao Congresso que qualquer conversa desse tipo com a China não ameaçaria a segurança nacional dos EUA.
O chefe da Nasa, Bill Nelson, disse à Reuters em outubro que a agência espacial dos EUA e a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) estão discutindo os termos do contrato de empréstimo de Pequim para as rochas lunares recuperadas pela Chang’e-5, depois que ele garantiu aos parlamentares norte-americanos que as negociações não representariam preocupações de segurança nacional.
Quatro universidades dos EUA solicitaram acesso às amostras coletadas pela Chang’e-5, disse Nelson na ocasião, acrescentando que achava que as negociações terminariam com a China concordando em fornecer acesso às amostras.
No entanto, ele disse que espera que a Nasa tenha que trabalhar com o FBI para obter outra certificação de segurança nacional para permitir qualquer entrega de rochas lunares a universidades norte-americanas para pesquisa.
Pequim espera usar suas proezas espaciais para criar laços políticos mais estreitos com parceiros próximos e aliados dos EUA.
“Parece que os Estados Unidos estão bastante fechados agora, apesar de terem sido abertos no passado, enquanto nós éramos fechados no passado e agora estamos abertos; isso se deve ao aumento da força geral de nossa nação e ao consequente aumento da autoconfiança”, disse Wu Weiren, projetista-chefe do programa de exploração lunar da China, à Reuters em uma entrevista na quarta-feira, acrescentando que o crescente “isolacionismo” dos EUA não ajudaria suas ambições espaciais.
Um funcionário da CNSA disse na quarta-feira que as missões Chang’e-4 e 6 tinham quatro cargas úteis internacionais, enquanto a missão Chang’e-7 no próximo ano terá seis cargas úteis internacionais e a “cooperação com 10 países” está sendo discutida para a missão Chang’e-8 subsequente.
A China espera que as missões Chang’e-7 e 8 possam ajudar a fornecer as informações necessárias para decidir onde e como construir uma base lunar tripulada permanente até 2035.