A Índia não culpou oficialmente nenhum grupo pelo massacre, no qual todos os mortos, exceto um, eram cidadãos indianos.
Um dia após homens armados matarem 26 turistas na Caxemira, o governo indiano, nesta quarta, 23, apontou o dedo para seu arqui-inimigo, o Paquistão, com o anúncio de uma série de ações punitivas e insinuou retaliações militares.
A Índia não culpou oficialmente nenhum grupo pelo massacre, no qual todos os mortos, exceto um, eram cidadãos indianos. Mas descreveu as medidas anunciadas ontem como uma resposta ao apoio do Paquistão a ataques terroristas em solo indiano.
O governo suspendeu sua participação em um importante tratado sobre águas da década de 60, que regula o fluxo dos rios dos quais depende o sistema de irrigação do Paquistão. A Índia fechou uma importante fronteira terrestre entre os dois países e rebaixou as relações diplomáticas, com a expulsão de conselheiros militares paquistaneses de Nova Délhi.
A decisão foi tomada em uma reunião de gabinete presidida pelo primeiro-ministro, Narendra Modi, enquanto os caixões dos civis assassinados no Vale da Caxemira começavam a chegar em suas cidades, em cenas emocionantes por todo o país. O premiê foi informado sobre “as ligações transfronteiriças do ataque terrorista”, disse o chanceler, Vikram Misri, sem dar detalhes.
Horas antes, na primeira reação pública do governo indiano, o ministro da Defesa, Rajnath Singh, afirmou que o país tinha “uma política de tolerância zero em relação ao terrorismo” e insinuou a possibilidade de ataques militares. “Não iremos atrás apenas dos autores deste ato, mas também daqueles que, nos bastidores, elaboraram essa conspiração”, disse.
O governo indiano não apresentou oficialmente nenhuma evidência que ligue um grupo específico ao massacre, nem explicou como a ação está ligada ao Paquistão, onde as autoridades têm tentado distanciar seu país da carnificina.
O ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Muhammad Asif, disse a um canal de notícias local que seu país não apoiava nenhuma forma de terrorismo e atribuiu o ataque a “elementos nacionais” na Índia.
Pressão
Enquanto as autoridades indianas se apressam para entender a grande falha de segurança em uma das zonas mais militarizadas do mundo, há uma preocupação em Nova Délhi de que a pressão sobre Modi para responder de forma decisiva possa mais uma vez levar a um conflito com o Paquistão – os dois países possuem armas nucleares.
Indianos e paquistaneses reivindicam a Caxemira desde que o fim do domínio colonial britânico dividiu a Índia, criando um Paquistão independente. A Caxemira, onde os muçulmanos são maioria, viu-se dividida entre os dois países, com cada um administrando uma parte, enquanto reivindica a totalidade do território. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)