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Avança o desenvolvimento do eVTOL da Embraer.
Avança o desenvolvimento do eVTOL da Embraer.
21/04/2025 15h46
Por: Redação Fonte: revistapesquisa

Avança o desenvolvimento do eVTOL da Embraer.

 

Empresa planeja iniciar em breve os ensaios em voo de seu carro voador, previsto para entrar em operação comercial em 2027.

Eve Air Mobility, empresa pertencente à Embraer, deve começar em meados do ano os ensaios em voo de seu carro voador, etapa fundamental do desenvolvimento e da certificação do aparelho com as autoridades regulatórias. Conhecidos como veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOL), os carros voadores são vistos como uma alternativa mais sustentável para a mobilidade aérea nas próximas décadas. Projetados para deslocamentos rápidos dentro de cidades ou de curta distância entre centros urbanos, são movidos por baterias e motores elétricos, que não emitem gases poluentes durante sua operação.

Durante a campanha de ensaios em voo, que deve durar alguns meses, a empresa verificará se o que foi projetado em seus laboratórios corresponde ao que foi produzido. “Além de analisar o desempenho, a segurança e a manobrabilidade da aeronave, a empresa verá se o equipamento atende às regulamentações em termos de poluição, emissões de ruído, entre outros itens”, explica o engenheiro aeronáutico William Roberto Wolf, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (FEM-Unicamp).

O primeiro protótipo em escala real do eVTOL foi apresentado no ano passado. A aeronave é dotada de oito rotores (conjunto formado pelo motor e hélice) para o voo vertical, na decolagem e no pouso, e asas fixas para o deslocamento na fase de cruzeiro. “Como parte de nossa campanha de testes em solo, realizamos em janeiro o primeiro teste do pusher [motor localizado na cauda], responsável pela propulsão durante o voo de cruzeiro”, informou a Pesquisa FAPESP Johann Bordais, CEO da Eve.

Com uma carteira que soma 2,8 mil intenções de compra, a maior do segmento, a Embraer espera se estabelecer como um competidor relevante nesse novo segmento aeronáutico. “A companhia leva vantagem. Já projetou diversos modelos de aeronave e tem grande expertise na área. O projeto da Eve, ao mesclar rotores e asas, dará maior autonomia ao aparelho, o que agrega valor ao projeto”, comenta Wolf.

Alexandre Affonso / Revista Pesquisa FAPESP

Entre engenheiros, técnicos e pesquisadores, quase mil pessoas trabalham em tempo integral no desenvolvimento do eVTOL. A produção será em uma fábrica em Taubaté, no interior paulista. “Nosso plano é ter uma produção inicial de 120 unidades por ano, expandindo de forma modular conforme a demanda de mercado. A capacidade máxima será de 480 unidades por ano”, afirma Bordais.

Várias companhias no mundo têm programas em andamento de eVTOL. A norte-americana Joby Aviation planeja iniciar a operação comercial de seus carros voadores em 2026. A expectativa da Eve é a de que seu eVTOL comece a voar com passageiros em 2027. “A grande maioria das empresas desse setor não deve sobreviver”, diz o engenheiro mecânico Domingos Alves Rade, da Divisão de Engenharia Mecânica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos. “Além da dificuldade inerente de projetar uma nova aeronave, o processo de certificação é complexo e oneroso.”

Rade dirige o Centro de Pesquisa em Engenharia para a Mobilidade Aérea do Futuro, conhecido como Flymov, criado em 2023 por FAPESP e Embraer. Seu objetivo é fazer estudos sobre temas que contribuam para a competitividade da indústria aeronáutica brasileira. As pesquisas são realizadas em três áreas: aviação de baixa emissão de carbono, sistemas autônomos e manufatura avançada.

“A sinergia entre os conhecimentos que estamos gerando e os interesses comerciais da Embraer é elevada”, comenta Rade. “O projeto da Eve está claramente inserido na proposta de mobilidade aérea do futuro. Estamos certos de que parte de nossos estudos poderá ser usada pela Embraer no projeto de seu eVTOL.”