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Papa Francisco morre aos 88 anos.
Papa Francisco morre aos 88 anos.
21/04/2025 07h30 Atualizada há 9 horas
Por: Redação Fonte: Diario de Pernambuco

Papa Francisco morre aos 88 anos.

 

Primeiro pontífice latino-americano, o argentino Jorge Mario Bergogli ocupou o cargo por 12 anos.

Primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos, na madrugada desta segunda-feira (21). A informação foi confirmada pelo cardeal camerlengo, Kevin Farrell.

"O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino", anunciou.

Eleito no conclave de 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI, o argentino foi o primeiro papa americano e esteve à frente da Igreja por 12 anos.

Recentemente, Francisco ficou quase 40 dias internado no hospital Gemelli de Roma, na Itália, para tratar complicações de uma dupla pneumonia, quadro de asma e insuficiência renal. Ele havia recebido alta em 23 de março.

Uma das suas últimas aparições públicas aconteceu na Quinta-Feira Santa (17), quando visitou a prisão de Regina Coeli, a maior da capital italiana, e se reuniu com 70 detentos por cerca de 30 minutos. O papa, no entanto, não realizou a cerimônia de lava-pés, tradicionalmente celebrada na ocasião. “Estou vivendo a Páscoa como posso”, declarou Francisco, ao deixar o local.

“O meu povo é pobre, eu sou um deles”

Mario Bergoglio nasceu no dia 17 de dezembro de 1935, em Buenos Aires, onde começou a carreira religiosa aos 21 anos ao ingressar no seminário da Companhia de Jesus e se formar em filosofia. Enquanto lecionava em colégios da Companhia, contraiu uma doença respiratória que o levou a retirar um pulmão.

Bergoglio foi ordenado sacerdote da Igreja Católica em 1969, graduando-se em teologia no ano seguinte, matéria que lecionou, junto a filosofia, em escolas de Buenos Aires.

Na Argentina, iniciou trabalhos pastorais dedicados às classes populares, se tornando um expoente das denúncias de injustiças econômicas e sociais do país. Em 1998, já arcebispo primaz da Argentina, o católico morava sozinho em um apartamento da arquidiocese, ao lado da Catedral de Buenos Aires, na Praça de Maio, e justificava sua vivência simples com a máxima "o meu povo é pobre e eu sou um deles", uma de suas frases célebres.

Durante a crise econômica que abalou a Argentina em 2001, as tomadas de posição de Bergoglio tornaram-se referência à medida em que seu nome tomava importância internacional. Neste mesmo ano, o papa João Paulo II lhe concedeu o título de cardeal.

Vendo a animação dos fiéis argentinos, o católico os convidou a não irem à Roma festejar, mas sim doar o dinheiro da viagem aos pobres da região.Em 2005, Bergoglio participou do conclave que elegeu Joseph Aloisius Ratzinger, o papa Bento XVI (1927-2022).

Papa Francisco

Em 2013, após a renúncia de Bento XVI, um conclave foi iniciado em 28 de fevereiro para a escolha do novo Santo Padre. Foram necessárias cinco votações até chegar ao consenso que elegeu Jorge Mario Bergoglio o novo representante da Igreja Católica, no dia 13 de março.

O nome Francisco, inédito no Vaticano, foi escolhido pelo argentino em referência a São Francisco de Assis, santo conhecido por sua simplicidade e dedicação aos pobres, características que marcaram o papado de Bergoglio.

Em julho de 2013, Francisco fez sua primeira viagem oficial ao Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.

A liderança do papa Francisco foi de rigidez perante ao clero, mas benevolência no olhar a grupos emergentes. Em 2017, instituiu o Dia Mundial dos Pobres, quando retificou aos católicos a importância do respeito à dignidade dos indivíduos, especialmente daqueles das classes desfavorecidas.

No ano seguinte, afirmou tolerância zero em relação aos crimes cometidos por membros da Igreja. Regulamentou, em 2021, novas regras para assegurar a transparência e honestidade aos próprios cardeais e gestores do Vaticano.

Foi corajoso ao afirmar que muitos "ateus cumprem melhor a vontade de Deus do que muitos crentes" e adotou uma posição progressista ao fazer acenos e incluir a população LGBTQIA+ em seus discursos. Também adotou um discurso político ao advertir representantes em todos os continentes que se sentem "autorizados por sua fé a apoiar diversas formas de nacionalismos fechados e violentos, atitudes xenófobas, desprezo ou mesmo maus-tratos com os que são diferentes" ou que fazem uso do “nome de Deus para aterrorizar pessoas”.

Adotou decisões históricas, como o ato que extinguiu o segredo pontifício nos casos de violência sexual e abuso de menores cometidos por clérigos, e a reformulação da Igreja Católica, quando nomeou 13 novos cardeais que refletiam suas ideias a respeito de temas como imigração, mudanças climáticas, inclusão de católicos gays e compartilhamento de poder com bispos da África, Ásia e América do Sul.

Em um dos momentos mais marcantes da história, Francisco rezou sozinho na Praça de São Pedro em 27 de março de 2020, enquanto a pandemia de Covid-19 obrigava o mundo a se distanciar. A imagem solitária da figura do papa, no centro de um local que costuma estar lotado, se tornou uma das mais simbólicas do período.

Em um de seus últimos atos, nomeou, pela primeira vez, uma mulher em papel de liderança na Secretaria de Estado do Vaticano, no cargo de subsecretária da Seção para as Relações com os Estados.