Ciência e Espaço Ciência e Espaço
Pesquisa revela neurônios ‘mutantes’ que mudam de formato no cérebro humano.
Pesquisa revela neurônios ‘mutantes’ que mudam de formato no cérebro humano.
19/04/2025 17h29
Por: Redação Fonte: Agência O Antagonista

Pesquisa revela neurônios ‘mutantes’ que mudam de formato no cérebro humano.

 

Tradicionalmente, essas células cerebrais eram vistas como fixas e imutáveis após sua formação inicial.

Recentes avanços na neurociência estão desafiando conceitos estabelecidos sobre a natureza dos neurônios. Tradicionalmente, essas células cerebrais eram vistas como fixas e imutáveis após sua formação inicial.

No entanto, um estudo inovador realizado por pesquisadores da UC Santa Cruz e da UC San Francisco sugere que a identidade dos neurônios pode ser mais flexível do que se pensava anteriormente.

Utilizando organoides, que são modelos tridimensionais de tecido cerebral, os cientistas observaram como os neurônios se desenvolvem e se adaptam em condições controladas.

As descobertas indicam uma plasticidade inesperada na identidade dos subtipos neuronais, o que pode ter implicações significativas para a compreensão de distúrbios do neurodesenvolvimento.

Como os neurônios influenciam a função cerebral?

O córtex cerebral é composto por dois tipos principais de neurônios: excitatórios e inibitórios. Os neurônios inibitórios, em particular, desempenham um papel crucial na regulação das funções cerebrais.

Cerca de 60% desses neurônios são positivos para a parvalbumina (PV), uma proteína associada à transmissão rápida de informações no cérebro.

Esses neurônios PV estão ligados a condições como autismo e esquizofrenia. Quando não funcionam corretamente, podem afetar processos cognitivos e sensoriais.

A pesquisa atual destaca a importância de entender como esses neurônios podem ser reproduzidos em laboratório para estudar melhor suas funções e disfunções.

Pesquisa revela neurônios mutantes que mudam de formato no cérebro humano. Créditos: depositphotos.com / MattLphotography

Quais são as implicações das descobertas com organoides?

Os organoides 3D utilizados na pesquisa permitiram uma reprodução mais precisa do ambiente cerebral, facilitando o estudo de processos biológicos complexos.

A produção de neurônios positivos para parvalbumina em laboratório representa um avanço significativo, possibilitando a criação de modelos cerebrais mais realistas.

Além disso, a pesquisa revelou que neurônios inibitórios de somatostatina podem se transformar em neurônios PV sob certas condições.

Essa descoberta sugere que mudanças de identidade neuronal podem ocorrer não apenas in vitro, mas também em células vivas do cérebro.

Esta é uma microfilmagem acelerada de um neurônio sozinho emitindo dendritos em busca de conexões.

O cérebro humano possui cerca de 86 milhões de neurônios que fazem em média 1 mil conexões entre si (mas alguns, como as células de Purkinje, chegam a fazer 200 mil!). pic.twitter.com/c9gGfUr9AT

— Alessandro Loiola MD (@AlessandroLoio2) October 21, 2022

Explorando novas fronteiras na neurociência

A capacidade de recriar a plasticidade cerebral em organoides 3D abre novas oportunidades para pesquisas sobre o desenvolvimento do cérebro e o surgimento de doenças neurológicas.

Os cientistas estão agora explorando a possibilidade de usar essas descobertas para desenvolver terapias de reprogramação celular, que poderiam regenerar partes danificadas do cérebro usando células do próprio paciente.

Embora ainda haja muito a ser descoberto sobre as vias genéticas envolvidas na transição entre subtipos neuronais, as implicações dessas descobertas são promissoras.

A pesquisa contínua nesse campo pode levar a avanços significativos na compreensão e tratamento de distúrbios neurológicos.