Meses depois, em agosto, a jovem voltou a ser alvo da Justiça por ter classificado a guerra da Rússia contra a Ucrânia como “monstruosa” e “criminosa” em entrevista à Rádio Europa Livre.
Darya Kozyreva já havia sido detida anteriormente, em dezembro de 2022, por escrever a frase “Assassinos, vocês bombardearam. Judas” em um memorial. Um ano depois, foi multada por “descrédito ao exército” e expulsa da universidade após uma publicação nas redes sociais questionando a “natureza imperialista” da guerra.
Durante o julgamento, a promotoria chegou a pedir seis anos de prisão.
Prisões políticas
Organizações de direitos humanos classificaram o caso como tentativa de silenciar vozes dissidentes. A ONG Memorial descreveu Kozyreva como prisioneira política e chamou as acusações de “absurdas”. Já a diretora da Anistia Internacional na Rússia, Natalia Zviagina, afirmou que a decisão é “mais um lembrete assustador de até onde o Kremlin vai para calar a oposição pacífica”.
“A jovem está sendo punida por citar um clássico da literatura ucraniana, por se opor a uma guerra injusta e por se recusar a ficar em silêncio”, disse Zviagina.
Segundo dados da organização OVD-Info, mais de 1.500 pessoas estão presas atualmente na Rússia por motivos políticos.
Desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, foram registrados mais de 20 mil casos de detenções por manifestações antiguerra, incluindo 9 mil processos por “descrédito do exército”, segundo a OVD-Info. Entre os acusados, há pelo menos 35 menores de idade.